Santos

Santa Isabel de Portugal

 

Nota Histórica

[Memória em Portugal]

Isabel, filha dos reis de Aragão, nasceu no ano 1271. Era ainda muito jovem quando foi dada em casamento ao rei Dom Dinis de Portugal. Teve dois filhos. Dedicou-se de modo singular à oração e às obras de misericórdia e suportou infortúnios e dificuldades com grande fortaleza de ânimo. Agiu como anjo da paz no âmbito da família e do reino. Depois da morte de seu marido, distribuiu os seus bens pelos pobres e, recolheu-se, como Terceira Franciscana, no mosteiro de Santa Clara-a-Velha, em Coimbra, por ela fundado. Morreu em Estremoz, no ano 1336, quando mediava o acordo de paz entre o filho e o genro.

 

Missa

Antífona de entrada Pr 31, 20.26
Abriu as mãos ao pobre, estendeu os braços ao indigente.
Nos seus lábios estava a lei do Senhor.

Oração coleta
Senhor nosso Deus, autor da paz e amigo da caridade,
que destes a santa Isabel de Portugal
o dom de reconciliar os homens desavindos,
concedei-nos, por sua intercessão,
a graça de trabalhar ao serviço da paz,
para podermos ser chamados filhos de Deus.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.


LEITURAS Da féria (ou do Comum dos Santos que se dedicaram às obras de misericórdia)


Oração sobre as oblatas
Recebei, Senhor, os dons do vosso povo,
ao celebrarmos o memorial da caridade infinita do vosso Filho,
e, pelo exemplo e intercessão de santa Isabel,
confirmai-nos no amor para convosco e para com o próximo.
Por Cristo nosso Senhor.

Antífona da comunhão Mt 5, 7-9
Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Felizes os puros de coração, porque verão a Deus.
Felizes os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus.

Oração depois da comunhão
Alimentados nestes santos mistérios,
dai-nos, Senhor, a graça de seguir o exemplo de santa Isabel,
que se consagrou a Vós de todo o coração
e praticou incansavelmente a caridade para com o vosso povo.
Por Cristo nosso Senhor.

 

Liturgia das Horas

De um Sermão atribuído a São Pedro Crisólogo, bispo

(Sobre a paz: PL 52, 347-348) (Sec. V)

Bem-aventurados os pacíficos

Diz o Evangelista: Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus. Com razão florescem as virtudes cristãs naquele que possui a harmonia da paz cristã, porque não merecem o nome de filhos de Deus senão os que trabalham pela paz.
É a paz, caríssimos, que liberta o homem da sua condição de escravo e lhe dá o título de livre, que muda a sua condição perante Deus, transformando-o de servo em filho, de escravo em homem livre. A paz entre os irmãos é a realização da vontade de Deus, a alegria de Cristo, a perfeição da santidade, a norma da justiça, a mestra da doutrina, a guarda dos bons costumes e a justa ordem em todas as coisas. A paz é a recomendação das nossas orações, o caminho mais fácil e eficaz para as nossas súplicas, a realização perfeita de todos os nossos desejos. A paz é a mãe do amor, o vínculo da concórdia e o claro indício da pureza da alma, capaz de exigir de Deus tudo o que quer: pede tudo o que quer e recebe tudo o que pede. A paz deve conservar-se a todo o custo, segundo os mandamentos do nosso Rei. É o que diz Cristo nosso Senhor: Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. O que equivale a dizer: «Deixo-vos em paz, em paz vos quero encontrar». Ele quis dar, ao partir, aquilo que deseja encontrar em todos no seu regresso.
É mandamento do Céu conservarmos a paz que nos foi dada; uma só palavra resume o que desejou Cristo na despedida: voltar a encontrar o que nos deixou. Plantar e enraizar a paz é obra de Deus; arrancá-la de raiz é obra do Inimigo. Porque, assim como o amor fraterno provém de Deus, assim o ódio vem do demónio. Por isso devemos apartar de nós toda a espécie de ódio, pois está escrito: Quem odeia o seu irmão é homicida.
Vedes portanto, amados irmãos, a razão por que devemos amar a paz e estimar a concórdia: são elas que geram e alimentam a caridade. Sabeis, como diz o Apóstolo, que a caridade vem de Deus. Está, portanto, longe de Deus quem não tem caridade.
Por conseguinte, irmãos, guardemos estes mandamentos que são fonte de vida, Procuremos conservar-nos sempre unidos no amor fraterno pelos laços duma paz profunda e fortalecer o amor recíproco mediante o salutar vínculo da paz, que cobre a multidão dos pecados. Seja a maior aspiração da nossa alma este amor fraterno, que traz consigo todo o bem e todo o prémio. A paz é virtude que devemos conservar com grande empenho, porque onde há paz aí habita Deus.
Amai a paz e em tudo encontrareis tranquilidade de espírito. Deste modo assegurareis o nosso prémio e a vossa alegria, e a Igreja de Deus, fundada na unidade da paz, manter-se-á fiel aos ensinamentos de Cristo.