Santos

São Columbano, abade

 

Nota Histórica

Columbano nasceu na Irlanda, na primeira metade do século VI. Estudou ciências sagradas e profanas. Tendo abraçado a vida monástica, fez-se peregrino para evangelizar os povos das Gálias, onde fundou muitos mosteiros, como o de Luxeuil, que ele próprio dirigiu, com estrita observância da regra. Obrigado a exilar‑se, atravessou os Alpes e erigiu o cenóbio de Bóbbio, na Ligúria – hoje, Emília-Romanha –, célebre pela sua disciplina e ciência. Depois de tão intensa atividade, adormeceu em paz e foi sepultado neste dia, em 615.

 

Missa

Comum dos pastores da Igreja: para os missionários;
ou Comum dos santos: para um abade.

Oração coleta
Senhor nosso Deus, que, de modo admirável,
reunistes em são Columbano,
a tarefa da evangelização e o cuidado da vida monástica,
concedei que, pela sua intercessão e exemplo,
Vos procuremos acima de todas as coisas
e trabalhemos por fazer crescer o povo dos crentes.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.

 

Liturgia das Horas

Das Instruções de São Columbano, abade

(Instr. 11,1-2: Opera, Dublin 1957, 106-107) (Sec. VII)

A grande dignidade do homem está na semelhança com Deus

Moisés escreveu na lei: Deus fez o homem à sua imagem e semelhança. Considerai, peço-vos, a transcendência desta afirmação. O Deus omnipotente, invisível, incompreensível, inefável, incomparável, criou o homem do pó da terra e enobreceu-o com a dignidade da sua imagem. Que é o homem comparado a Deus? Que é a terra comparada ao espírito? Porque Deus é espírito. Grande mercê que Deus tenha dado ao homem a imagem da sua eternidade e a semelhança da sua vida! A grande dignidade do homem está nesta semelhança com Deus, se se conserva.
Se ele praticar rectamente as virtudes infundidas na sua alma, será de facto semelhante a Deus. Devemos dar conta a Deus de todas as virtudes que em nós semeou no nosso estado original. É o que nos ensina com os seus preceitos. Este é o primeiro: Amar o Senhor com todo o nosso coração, porque Ele nos amou primeiro, desde o princípio e antes de existirmos. O amor de Deus é a renovação da sua imagem em nós. Ama a Deus quem guarda os seus mandamentos, como Ele diz: Se Me amais, guardai os meus mandamentos. E o seu mandamento é o amor mútuo, conforme aquela palavra: Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei.
Mas o verdadeiro amor não se exprime apenas com palavras, mas com obras e em verdade. Devemos, portanto, restituir a Deus nosso Pai a sua imagem, não deformada mas perfeitamente conservada na santidade de vida, porque Ele é Santo; como está escrito: Sede santos, porque Eu sou santo. Devemos restituí-la na caridade, porque Ele é caridade, como afirmou São João: Deus é caridade. Devemos restituí-la na bondade e felicidade, porque Ele é bom e fiel. Não pintemos em nós imagens estranhas. Desenha imagens de um tirano quem é duro, iracundo e soberbo.
Por conseguinte, a fim de não introduzirmos em nós imagens tirânicas, o próprio Cristo grava em nós a sua imagem, dizendo: Dou-vos a minha paz, deixo-vos a minha paz. Mas, de que aproveita sabermos que a paz é boa, se não a conservamos bem? Com efeito, tudo o que é belo costuma ser muito frágil e as coisas mais preciosas requerem maior cautela e mais atenta vigilância. É muito frágil esta paz que se pode perder com uma palavra leviana e se destrói com a mais pequena ofensa feita a um irmão. De facto, nada é mais agradável aos homens do que falar e ocupar-se de coisas alheias, manter continuamente conversas ociosas e difamar os ausentes. Por isso, os que não podem dizer: O Senhor deu-me uma língua eloquente para que saiba dizer ao desanimado uma palavra de conforto, esses devem calar-se; e se quiserem falar, digam palavras de paz.