Santos

São João da Cruz, presbítero e doutor da Igreja

 

Nota Histórica

Memória

João da Cruz nasceu em Fontiveros, província de Ávila, na Espanha, pelo ano de 1542. Sendo professo e presbítero na Ordem do Carmo, foi o primeiro que, a partir de 1568, persuadido por Santa Teresa de Jesus, se declarou a favor da reforma da sua Ordem, tendo suportado, por isso, inumeráveis sofrimentos e trabalhos. Como revelam os seus escritos, buscando uma vida escondida em Cristo e deixando-se abrasar na chama do amor de Deus, subiu através da noite escura da alma ao monte de Deus. Morreu em Úbeda, na Andaluzia, região da Espanha, no dia 14 de dezembro de 1591, com grande fama de santidade e sabedoria. É um dos grandes mestres e testemunhas da experiência mística.

 

Missa

Antífona de entrada Gl 6, 14
Toda a minha glória está na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo.
Por Ele o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo.

Oração coleta
Senhor nosso Deus,
que inspirastes ao presbítero são João [da Cruz]
a perfeita abnegação de si mesmo e o ardente amor à cruz,
concedei que, imitando o seu exemplo,
cheguemos à contemplação eterna da vossa glória.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.


LEITURA I 1 Cor 2, 1-10a
«Falamos da sabedoria de Deus, misteriosa e oculta»

Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
Quando fui ter convosco, irmãos, não me apresentei com sublimidade de linguagem ou de sabedoria a anunciar-vos o mistério de Deus. Pensei que, entre vós, não devia saber nada senão Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado. Apresentei-me diante de vós cheio de fraqueza e de temor e a tremer deveras. A minha palavra e a minha pregação não se basearam na linguagem convincente da sabedoria humana, mas na poderosa manifestação do Espírito Santo, para que a vossa fé não se fundasse na sabedoria humana, mas no poder de Deus. Nós falamos de sabedoria entre os perfeitos, mas de uma sabedoria que não é deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que vão ser destruídos. Falamos da sabedoria de Deus, misteriosa e oculta, que já antes dos séculos Deus tinha destinado para a nossa glória. Nenhum dos príncipes deste mundo a conheceu; porque se a tivessem conhecido, não teriam crucificado o Senhor da glória. Mas, como está escrito, «nem os olhos viram, nem os ouvidos escutaram, nem jamais passou pelo pensamento do homem o que Deus preparou para aqueles que O amam». Mas a nós Deus o revelou por meio do Espírito Santo.
Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL Salmo 36 (37), 3-4.5-6.30-31 (R. 30a)
Refrão: A boca do justo proclama a sabedoria.

Confia no Senhor e pratica o bem,
possuirás a terra e viverás tranquilo.
Põe no Senhor as tuas delícias,
e Ele satisfará os anseios do teu coração.

Confia ao Senhor o teu destino
e tem confiança, que Ele actuará.
Fará brilhar a tua luz como a justiça
e como o sol do meio-dia os teus direitos.

A boca do justo profere a sabedoria
e a sua língua proclama a justiça.
A lei de Deus está no seu coração
e não vacila nos seus passos.


EVANGELHO Da féria (ou do Comum)


Oração sobre as oblatas
Olhai, Deus todo-poderoso,
para as ofertas que Vos apresentamos,
na comemoração de são João [da Cruz],
e concedei que, celebrando os mistérios da paixão do Senhor,
imitemos o que realizamos.
Por Cristo nosso Senhor.

Antífona da comunhão Mt 16, 24
Quem quiser seguir-Me, diz o Senhor,
renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me.

Oração depois da comunhão
Senhor nosso Deus, que, de modo admirável,
revelastes em são João o mistério da cruz,
concedei-nos que, fortalecidos por este sacrifício,
permaneçamos sempre fiéis a Cristo
e trabalhemos na Igreja pela salvação de todos.
Por Cristo nosso Senhor.

 

Liturgia das Horas

Do Cântico Espiritual de São João da Cruz, presbítero
(Estr. 36-37) (Sec. XVI)
Conhecimento do mistério escondido em Cristo Jesus
Por mais mistérios e maravilhas que tenham descoberto os santos Doutores e entendido as almas santas neste estado de vida, o melhor fica-lhes por dizer e até por entender.
Efectivamente, há muito que aprofundar em Cristo, porque Ele é como uma mina abundante com muitas cavidades cheias de tesouros, que por mais que afundem nunca lhes encontram fim nem termo, antes em cada cavidade vão encontrando novas veias de novas riquezas.
Por isso disse São Paulo, falando de Cristo: N’Ele estão todos os tesouros da sabedoria e da ciência, nos quais a alma não pode entrar nem a eles pode chegar, se, como dissemos, não passar primeiro pela estreiteza do padecer interior e exterior. Porque mesmo ao que nesta vida se pode alcançar desses mistérios de Cristo não se pode chegar sem ter padecido muito e recebido muitas mercês intelectuais e sensitivas de Deus, e sem ter precedido muito exercício espiritual, porque todas estas mercês são mais baixas que a sabedoria dos mistérios de Cristo, pois todas elas são como disposições para chegar a esta sabedoria.
Oh se se acabasse já de entender que não se pode chegar à espessura e sabedoria das riquezas de Deus, que são de muitas maneiras, senão entrando na espessura do padecer de muitas maneiras, pondo nisso a alma a sua consolação e desejo! E como a alma, que deveras deseja a sabedoria divina, deseja primeiro padecer, para entrar nela, pela espessura da cruz!
Por isso admoestava São Paulo aos Efésios, que não desfalecessem nas tribulações, que fossem bem fortes e arraigados na caridade, para que pudessem compreender com todos os santos, qual seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade, e conhecer também aquele amor de Cristo, que excede toda a ciência, para serem cheios de toda a plenitude de Deus. Porque para entrar nas riquezas desta sabedoria, a porta é a cruz, que é uma porta estreita, e desejar entrar por ela é de poucos; mas desejar os deleites a que se chega por ela, é de muitos.