Acólitos em Festa

Homilia de D. José Cordeiro na 28.ª Peregrinação Nacional de Acólitos a Fátima

1. A festa dos acólitos

A grande festa dos acólitos é a Eucaristia! A Eucaristia é a fonte e o cume de toda a vida cristã (cf. SC 10). Por isso, é nela que vivemos, nos movemos e existimos como cristãos. Os acólitos, com a sua participação na Eucaristia, tomam parte na grande festa dos cristãos. E que festa! Pela celebração da Eucaristia reconhecemos que Jesus Cristo está presente em nós e no meio de nós; acolhemos a salvação que Ele nos oferece; alimentamo-nos da Palavra e do Seu Corpo; encontramo-nos em comunidade; saboreamos o desejo de santidade; fortalecemo-nos nas virtudes e no serviço. Por tudo isto, a Eucaristia é a festa das festas para os cristãos e, por conseguinte, também para os acólitos. Sem a Eucaristia não podemos viver! (cf. Nota Pastoral CEP, 11/04/2024).

Neste ano, em Portugal, queremos assinalar um grande marco desta festa que é a Eucaristia, com o 5º Congresso Eucarístico Nacional, que se realizará em Braga, de 31 de maio a 2 de junho, e terá como tema “Partilhar o Pão, Alimentar a Esperança”. Este será um encontro nacional, de todas as Dioceses de Portugal, para assinalar o centenário do 1º Congresso Eucarístico Nacional. Mas não só para comemorar: queremos tomar consciência da grande festa dos cristãos, para celebrar melhor, com mais qualidade, com uma participação mais ativa, consciente, alegre e frutuosa (cf. SC 11). Não valerá a pena apostarmos tudo na preparação da grande festa da Eucaristia, para a vivermos mais plenamente? Então, estais todos convidados para este grande encontro que nos ajudará a fazer verdadeira festa sempre que celebramos a Eucaristia.
Se caminharmos no aprofundamento do sentido com quem celebramos a Eucaristia, então permaneceremos em Jesus e alcançaremos a vida eterna, como Ele próprio nos promete no texto do Evangelho que hoje escutámos: «quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e Eu nele. [...] Quem comer deste pão viverá eternamente» (cf. Jo 6, 55-58).

Não é isto que cada acólito(a) mais deseja? Ser acólito(a) é isto mesmo: permanecer em Jesus, estar sempre com Ele e viver como Ele, para alcançar a eternidade de vida que só em Jesus encontramos, a felicidade verdadeira, a plena realização da nossa vocação.


2. Todos em festa com Jesus

Este caminho para permanecer em Jesus Cristo e alcançar a vida autêntica que Ele nos oferece é um grande desafio, é talvez o maior desafio da nossa vida. E se cada um é responsável por o alcançar, não pode esquecer-se dos outros acólitos. Todos nós temos de assumir o compromisso de fazer com que todos os acólitos permaneçam em Jesus e alcancem a festa da vida que Ele nos dá. Por isso, não podemos descansar enquanto todos não estiverem ainda a viver a festa da Eucaristia. Podemos começar por convidar os nossos amigos, os nossos vizinhos, aqueles que já foram acólitos e entraram em debandada... não podemos ficar aprisionados no medo, mas temos de sonhar com que todos cheguem à alegria maior de ser acólitos: participar na festa da Eucaristia!

Depois, é preciso também viver a experiência de ser acólitos em conjunto, uns com os outros. Por isso, seria muito importante que em cada comunidade cristã houvesse um grupo de acólitos: um grupo coeso, amigo e fraterno, com rapazes e raparigas, homens e mulheres, crianças, adolescentes, jovens e adultos, todos! E todos juntos podemos caminhar mais para Jesus Cristo, para sermos cada vez mais parecidos com Ele. Como? Podemos reunir para escutar a Palavra, alimentando-nos do que Jesus Cristo nos diz; para nos formarmos como acólitos, participando na Eucaristia de forma mais consciente e com maior amor; para conhecermos mais os modelos de santidade que são os nossos patronos, São Tarcísio e São Francisco Marto, imitando-os nas virtudes e no desejo de sermos santos; para convivermos e sermos mais amigos uns dos outros, prestando auxílio a quem mais precisa no grupo de acólitos... Enfim, o nosso grupo de acólitos pode ser de facto uma verdadeira expressão do que é ser Igreja Sinodal, uma Igreja que caminha em conjunto, uns com os outros, uns para os outros, tal como os discípulos de Emaús que, dois a dois, fizeram caminho com Jesus e O reconheceram ao partir do pão, voltando a reunir-se à comunidade dos discípulos.

3. Viver como acólitos sempre em estado de festa

Como nós, acólitos, somos cristãos audazes, não ficamos apenas com este desafio de participarmos na Eucaristia e de formarmos grupos de acólitos. Queremos mais: queremos viver sempre em estado de festa, eucaristizando a nossa vida! E como o podemos fazer?

Primeiramente, podemos estender a festa da Eucaristia à contemplação, ao silêncio e à adoração de Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento. Como seria bom que nas nossas comunidades houvesse Adoração Eucarística com regularidade, para nós podermos encontrar Jesus Cristo, para sentirmos o seu amor por nós, para discernirmos o que Ele espera da nossa vida. Só na adoração, isto é, no encontro com “Jesus escondido”, como dizia o padroeiro dos acólitos em Portugal, São Francisco Marto, é que podemos encontrar a força e alento para superar as adversidades, os desafios, os sofrimentos, as dificuldades. Afinal, se nos deixarmos envolver por este amor de Jesus, quem poderá ser mais forte? Quem nos poderá separar do amor de Cristo? (cf. Rm 8, 35.37-39). Nada nem ninguém! Por isso, façamos da oração e da adoração um verdadeiro encontro com Jesus e com o seu amor, para fortalecer o nosso caminho de vida cristã e o nosso serviço como acólitos.

Depois, podemos reconhecer também como outras pessoas viveram tão intensamente a Eucaristia, fazendo desta festa a sua vida. Podemos descobrir, por exemplo, em São Tarcísio, patrono de todos os acólitos, o modelo de quem não só não abandonava a participação da Eucaristia em comunidade, mesmo perante as perseguições do Império Romano, mas também dava tudo por tudo para levar o Pão Precioso aos outros, mesmo correndo o risco de sofrer o martírio. Atualmente, muitos contam com o nosso testemunho de vida para se aproximarem de Jesus Cristo. Estamos dispostos a dar a vida por Jesus Cristo, como São Tarcísio? Talvez não tenhamos de morrer, mas talvez esteja nas nossas mãos “levar Jesus a todos e todos a Jesus”.

Caríssimos acólitos e acólitas de Portugal, somos felizes, porque festejamos a celebração da fé, a Eucaristia! Somos felizes, porque habitamos na Casa do Senhor, na igreja da nossa comunidade, onde servimos o Altar, que é Cristo! Somos felizes, porque companheiros de Jesus e uns dos outros, porque partilhamos o mesmo pão no caminho conjunto que percorremos no compromisso e no serviço da transformação cultural, social, ecológica e espiritual da humanidade! Somos felizes, porque contemplamos Jesus Cristo e d’Ele damos testemunho vivo, como os nossos patronos! Somos felizes, porque Jesus Cristo, na Eucaristia, é a fonte e a meta da festa da nossa vida!

+ José Manuel Cordeiro,
Arcebispo Metropolita de Braga e Presidente da Comissão Episcopal da Liturgia e Espiritualidade
Santuário de Fátima – 01 de maio de 2024

2024-05-01 00:00:00