Questões e respostas
Vésperas com adoração do Santíssimo exposto
Numas vésperas solenes com adoração ao SS.mo exposto na custódia, durante o Magnificat, incensando-se o SS.mo, também se incensa a seguir o altar, presidente e assembleia como na celebração da Eucaristia na apresentação dos dons?
Não existe nenhum livro litúrgico com o rito conjunto das Vésperas solenes com Adoração do Santíssimo Sacramento exposto na custódia. Mas no Ritual da Sagrada Comunhão e Culto Eucarístico fora da Missa, n. 96, dão-se as seguintes indicações para uma situação semelhante:
«Diante do Santíssimo Sacramento exposto por um tempo prolongado... pode celebrar-se alguma parte da Liturgia das Horas, sobretudo as Horas principais...».
O que se diz no Ritual é, portanto, um pouco diferente da situação apresentada pelo consulente. Ele fala de umas Vésperas solenes com adoração do Santíssimo exposto na custódia; o Ritual fala da exposição prolongada do Santíssimo, diante do qual pode celebrar-se a Hora de Vésperas. Mas penso que a resposta a dar a uma situação vale também para a outra.
Não é só o Ritual do Culto Eucarístico fora da Missa que fala na possibilidade de recitar Vésperas diante do Santíssimo. A mesma hipótese vem também no Cerimonial dos Bispos, nn. 1111-1114. Mas nem o texto do Ritual, nem o do Cerimonial, descem a pormenores de organização do rito. Assim sendo, atrevo-
-me eu a propor o seguinte esquema de celebração:
– Exposição do Santíssimo na custódia;
– Tempo de adoração, mais ou menos prolongado;
– Hora de Vésperas, tal como vem na Liturgia das Horas, até ao fim das preces;
– Terminadas as preces (e eventualmente o Pai Nosso), o presidente da celebração genuflecte ao mesmo tempo que o diácono ou o acólito, e fica de joelhos diante do altar;
– Entretanto, canta-se a estrofe: Ao divino Sacramento (Tantum ergo) ou outro cântico eucarístico (que também pode ser o Pai Nosso, se as preces não terminarem por ele);
– Depois de impor e benzer o incenso, o presidente da celebração, de joelhos, recebe o turíbulo das mãos do diácono ou do acólito, faz inclinação, e incensa o Santíssimo Sacramento;
– Depois levanta-se e diz: Oremos. Faz-se uma breve pausa em silêncio; depois o presidente, de braços abertos, diz: Senhor Jesus Cristo, que neste admirável sacramento, ou outra das orações indicadas no Ritual Romano (ou na Liturgia das Horas, principalmente se esse dia for solenidade ou festa);
– Terminada a oração, o presidente recebe o véu de ombros, sobe ao altar, genuflecte, pega na custódia e, levantando-a com ambas as mãos envoltas no véu, faz o sinal da cruz sobre o povo, sem dizer nada.
– Depois de dar a bênção, o presidente da celebração depõe a custódia sobre o altar, genuflecte, tira o véu de ombros e continua de joelhos diante do altar, enquanto o povo, se for oportuno, profere alguma aclamação adequada. Um pouco antes da aclamação terminar, o presidente, ou o diácono, ou outro sacerdote, ou mesmo um ministro extraordinário da comunhão, repõe o Santíssimo no tabernáculo e genuflecte.
– A seguir, o presidente diz: O Senhor esteja convosco, e o povo responde Ele está no meio de nós (que pena não poder responder como deveria: E com o teu espírito, ou seja, com o Espírito de presidência que recebeste na Ordenação);
– O presidente ou o diácono acrescenta por fim: Ide em paz, e o Senhor vos acompanhe. O povo responde: Graças a Deus.
– O regresso à sacristia faz-se na forma do costume.
Chamo a atenção para alguns pormenores e ao mesmo tempo respondo às perguntas feitas pelo consulente:
1.º não é durante o Magnificat que se incensa o Santíssimo, mas sim terminado o Magnificat e as preces;
2.º nas Vésperas solenes com o Santíssimo exposto, não se incensa o altar, nem o presidente, nem a assembleia; esses são ritos próprios da celebração da Missa ou das Vésperas solenes sem exposição, como iremos explicar de seguida;
3.º a incensação durante o Magnificat faz-se nas Vésperas solenes, sem exposição do Santíssimo; nesse caso pode fazer-se a incensação do altar, da cruz, do Bispo e do povo, enquanto se canta o cântico evangélico (Cerimonial dos Bispos 89. 204);
4.º não há bênção final, porque já houve a bênção com o Santíssimo; há apenas a despedida da assembleia.
Não existe (ou pelo menos não é do nosso conhecimento) nenhum livro litúrgico onde o rito da exposição prolongada do Santíssimo com Hora de Vésperas, ou de Vésperas solenes com exposição do Santíssimo na custódia, de que estivemos a falar, venha descrito com os pormenores aqui indicados. Por isso, se ele existe ou vier a existir, seguiremos o esquema nele indicado, e enviaremos para o cesto dos papéis aquele que acabo de organizar e que lhe envio com amizade.
Um colaborador do SNL
(BPL 131-132)