Questões e respostas
Comungar de pé ou de joelhos
Quais foram, se as houve, as determinações da Conferência Episcopal Portuguesa sobre o modo de comungar, de joelhos ou de pé? Procurei no EDREL... mas, quanto ao comungar de joelhos ou de pé, não encontrei nada... Acho importante transmitirmos aos fiéis estes pequenos pormenores que significam muito.
Quando se procura no EDREL a resposta a uma dúvida, há que ter em conta a data a partir da qual determinado modo de fazer entrou em uso na liturgia da Missa. Relativamente à IGMR, a edição reproduzida no Enquirídio, como se pode ler na p. 74, é de 1969, com as modificações que lhe foram introduzidas em 1970, 1973 e 1975. Essa versão perdurava ainda passados 22 anos, com pequeníssimas mudanças, como pode ver-se pela edição da Instrução Geral do Missal Romano, publicada pelo Secretariado Nacional de Liturgia em 1997.
Mas no ano 2000 surgiu a 3ª edição típica, em muitos pontos diferente das anteriores, como pode ver-se comparando os seus 399 números com os 341 da edição imediatamente anterior. Entre esses pontos conta-se o que se refere ao modo de comungar. Os nn. 117-118 da edição antiga correspondem aos nn. 160-161 da edição de 2000, como pode ver-se no seguinte quadro, onde as diferenças vão em itálico.
IGMR até 1999
117. (O sacerdote) pega depois na patena ou na píxide e aproxima-se dos comungantes.
117. Se a Comunhão for distribuída unicamente sob a espécie do pão, o sacerdote levanta um pouco a hóstia e, mostrando-a a cada um dos comungantes, diz: O Corpo de Cristo ou Corpus Christi. O comungante responde: Amen; e, segurando a bandeja por baixo da boca, recebe o Sacramento.
118. Para a Comunhão sob as duas espécies, segue-se o rito descrito em seu lugar próprio (cf. nn. 240-252).
IGMR de 2000
160. O sacerdote pega depois na patena ou na píxide e aproxima-se dos comungantes, que habitualmente se aproximam em procissão.
Não é permitido que os próprios fiéis tomem, por si mesmos, o pão consagrado nem o cálice sagrado, e menos ainda que o passem entre si, de mão em mão. Os fiéis comungam de joelhos ou de pé, segundo a determinação da Conferência Episcopal. Quando comungam de pé, recomenda-se que, antes de receberem o Sacramento, façam a devida reverência, estabelecida pelas mesmas normas.
161. Se a Comunhão for distribuída unicamente sob a espécie do pão, o sacerdote levanta um pouco a hóstia e, mostrando-a a cada um dos comungantes, diz: O Corpo de Cristo (Corpus Christi). O comungante responde: Amen; e, segurando a bandeja por baixo da boca, recebe o Sacramento na boca, ou, onde for permitido, na mão, conforme preferir. O comungante recebe a hóstia e comunga-a imediatamente e na íntegra.
161. Quando a Comunhão se faz sob as duas espécies, segue-se o rito descrito em seu lugar próprio (cf. nn. 284-287).
Tanto quanto julgo saber, a Conferência Episcopal Portuguesa ainda não teve oportunidade de se pronunciar sobre a hipótese da comunhão de joelhos, porque o novo Missal Romano (3ª edição) em língua portuguesa ainda não apareceu.
Mas à observação do nosso consulente de que acha importante transmitirmos aos fiéis estes pequenos pormenores que significam muito, deixe-me dizer-lhe que não foi em momento alto da vida litúrgica do povo cristão que surgiu o costume de se comungar de joelhos. Bem pelo contrário, tal costume, absolutamente alheio à Igreja dos nove primeiros séculos, anda associado exactamente ao abandono da comunhão pela grande maioria dos crentes, à substituição do pão das nossas casas pelo pão ázimo, à comunhão apenas sob a espécie do pão e recebida exclusivamente na boca, modos de fazer que não correspondem às descrições evangélicas sobre o modo como Jesus fez e mandou fazer ao mudar o pão no seu Corpo e ao dá-lo em comunhão aos Apóstolos, e ao fazer o mesmo com o cálice no fim da Ceia.
Eu prefiro sempre fazer e ensinar a fazer as coisas da fé o mais possível à maneira de Jesus. Só Ele é o nosso verdadeiro Mestre. Deus permita que o modo de viver, de falar, de orar e de celebrar de Jesus de Nazaré sejam um autêntico paradigma para cada vez maior número de cristãos, como o desejou o Vaticano II ao promover a reforma litúrgica que, segundo as palavras de João XXIII, devia retomar e propor aquelas formas muito simples e muito profundas da Igreja dos Apóstolos e dos Mártires.
Um colaborador do SNL
(BPL 141-142)