Questões e respostas

Os leitores na celebração eucarística

Na minha paróquia temos 3 leitores por eucaristia: 1ª leitura, 2ª leitura e oração universal. Entram os 3 leitores em procissão – Está correcto? Há alguma ordem especifica para os leitores? Quando um casal vai ler, é “obrigatório” que leiam 1ª e 2ª leitura (sempre) e a 3ª pessoa é que lê a oração universal?

 

Existe uma obra sobre os leitores, publicada pelo Secretariado Nacional de Liturgia, onde poderá encontrar resposta às perguntas que formula. Chama-se “O Livro do Leitor”. Mas aconselho-a, sobretudo, a estudar atentamente a última edição da Instrução Geral do Missal Romano.

Começo por lhe recordar que a Missa, especialmente nos domingos e festas de preceito, deve ser celebrada com o número adequado de ministros. Mas também pode celebrar-se apenas com alguns, e até só com um, ou seja, o sacerdote que vai presidir à celebração (cf. IGMR 115). Daqui se conclui que a presença de outros ministros, além do sacerdote, nem sempre é possível, nem estritamente necessária. Mas é muito aconselhável.

Regra geral, convém que o sacerdote celebrante seja assistido por um acólito, um leitor e um cantor. Mas pode haver um maior número de ministros. O rito da Missa que a Instrução descreve, aponta para essa possibilidade (cf. IGMR 116).

O primeiro momento da celebração da Missa, nos domingos e festas de preceito, é a procissão de entrada. Quem toma parte nessa procissão? Diz a Instrução Geral: «Reunido o povo, o sacerdote e os ministros... encaminham-se para o altar, por esta ordem: o turiferário com o turíbulo fumegante, se se usa o incenso; os ceroferários com os círios acesos, e entre eles um acólito ou outro ministro com a cruz; os acólitos e outros ministros; o leitor, que pode levar o Evangeliário um pouco elevado, não porém, o Leccionário; o sacerdote que vai celebrar a Missa» (IGMR 120).

Aqui tem o que diz, com toda a clareza, a Instrução Geral. O leitor pode tomar parte na procissão de entrada, pode, na ausência do diácono, levar o Evangeliário um pouco elevado, mas não pode levar o Leccionário. Penso que sabe o que é cada um destes dois livros litúrgicos e também qual a diferença entre poder e dever tomar parte na procissão, entre poder e dever levar o Evangeliário.

Esclarecida a sua primeira dúvida, passemos à segunda, que é esta: no caso de haver três leitores (I leitura, II leitura e oração universal), estará correcto que os três tomem parte na procissão de entrada? Se houver motivo especial para isso, não é proibido fazê-lo. Mas não vem afirmado em parte nenhuma da Instrução, nem me parece que seja necessário ou conveniente. A procissão de entrada não é para mostrar os ministros. A descrição do n. 120 da Instrução fala de acólitos, porque são precisos vários, desde os primeiros momentos da celebração, mas basta um leitor, para levar o Evangeliário, no caso deste ser levado na procissão. Os outros podem e devem estar nos seus lugares, no meio da assembleia. Poderia objectar-se que os leitores são pelo menos três, e que a Instrução diz que nos domingos e festas de preceito a Missa deve ser celebrada com o número adequado de ministros. Ser celebrada é uma coisa; irem todos esses ministros na procissão de entrada é outra.

A sua terceira questão não é clara. Pergunta se há alguma ordem específica para os leitores? Respondo-lhe assim: se está a referir-se à ordem na procissão de entrada, veja a descrição do n. 120 da Instrução, que é esclarecedora; se está a referir-se a outro tipo de ordem, o ideal seria escolher para cada leitura o leitor ou a leitora mais capazes de fazerem uma boa proclamação, atendendo a que há leituras de géneros diversos, e também ao facto de que umas resultam melhor numa voz masculina e outras numa voz feminina. Há ainda outros critérios, mas estes são os principais.

Quarta pergunta: quando um casal vai ler, é “obrigatório” que marido e mulher leiam sempre as duas primeiras leituras e um terceiro leitor a oração universal? Penso que naquilo que já escrevi vai implícita a resposta à sua questão, sem que isso queira dizer que alguma vez não se possa proceder assim. Uma celebração litúrgica deve ser um acto inteligente, capaz de se adaptar a uma variedade de circunstâncias, e de responder a um número quase infinito de situações.


Um colaborador do SNL
(BPL 141-142)