Santos

São Tomé, apóstolo

 

Nota Histórica

Festa

Tomé é conhecido, entre os Apóstolos, especialmente pela sua incredulidade, que se desvaneceu na presença de Cristo ressuscitado. Ele proclamou a fé pascal da Igreja: «Meu Senhor e meu Deus». Sobre a sua vida nada se sabe ao certo, além dos pormenores contidos no Evangelho. Diz-se que pregou o Evangelho na Índia. Desde o século VI celebra-se no dia 3 de julho a memória da trasladação do seu corpo para Edessa.

 

Missa

Antífona de entrada Cf. Sl 117, 28.21
Eu Vos dou graças, porque sois o meu Deus.
Eu Vos glorifico, porque sois o meu Salvador.

Diz-se o Glória.

Oração coleta
Concedei-nos, Deus todo-poderoso,
a graça de celebrar com alegria a festa do apóstolo são Tomé,
de modo que, ajudados pela sua intercessão,
tenhamos a vida pela fé em Jesus Cristo,
que ele reconheceu como Senhor.
Ele que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.


LEITURA I Ef 2, 19-22
«Edificados sobre o alicerce dos Apóstolos»
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios
Irmãos:
Já não sois estrangeiros nem hóspedes,
mas sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus,
edificados sobre o alicerce dos Apóstolos e dos Profetas,
que tem Cristo como pedra angular.
Em Cristo, toda a construção, bem ajustada,
cresce para formar um templo santo do Senhor;
e em união com Ele, também vós sois integrados na construção,
para vos tornardes, no Espírito Santo, morada de Deus.
Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL Salmo 116 (117), 1.2 (R. Mc 16, 15)
Refrão: Ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho.

Louvai o Senhor, todas as nações,
aclamai-O, todos os povos.

É firme a sua misericórdia para connosco,
a fidelidade do Senhor permanece para sempre.


ALELUIA Jo 20, 29
Refrão: Aleluia. Repete-se
Disse o Senhor a Tomé:
«Porque Me viste, acreditaste;
felizes os que acreditam sem terem visto. Refrão


EVANGELHO Jo 20, 24-29
«Meu Senhor e meu Deus!»

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo,
Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo,
não estava com eles quando veio Jesus.
Disseram-lhe os outros discípulos:
«Vimos o Senhor».
Mas ele respondeu-lhes:
«Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos,
se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado,
não acreditarei».
Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa
e Tomé com eles.
Veio Jesus, estando as portas fechadas,
apresentou-Se no meio deles e disse:
«A paz esteja convosco».
Depois disse a Tomé:
«Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos;
aproxima a tua mão e mete-a no meu lado;
e não sejas incrédulo, mas crente».
Tomé respondeu-Lhe:
«Meu Senhor e meu Deus!».
Disse-lhe Jesus:
«Porque Me viste acreditaste:
felizes os que acreditam sem terem visto».
Palavra da salvação.


Oração sobre as oblatas
Nós Vos apresentamos, Senhor,
a homenagem do nosso ministério,
no testemunho do apóstolo são Tomé,
e Vos pedimos que conserveis em nós os vossos dons,
ao celebrarmos este sacrifício de louvor.
Por Cristo nosso Senhor.

Prefácio I ou II dos Apóstolos.

Antífona da comunhão Cf. Jo 20, 27
Aproxima a tua mão e reconhece o lugar dos cravos.
Não sejas incrédulo, mas fiel.

Oração depois da comunhão
Senhor nosso Deus, que neste sacramento
nos destes o Corpo do vosso Filho unigénito,
fazei que, acreditando, com o apóstolo Tomé,
que Ele é nosso Deus e Senhor,
dêmos testemunho, em palavras e obras,
desta fé que professamos.
Por Cristo nosso Senhor.

Pode utilizar-se a fórmula de bênção solene.

 

Liturgia das Horas

Das Homilias de São Gregório Magno, papa,
sobre os Evangelhos

(Hom. 26, 7-9: PL 76, 1201-1202) (Sec. VI)

Meu Senhor e meu Deus

Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Só este discípulo estava ausente; e, ao voltar e ouvir contar o que acontecera, negou-se a acreditar no que ouvia. Veio outra vez o Senhor e apresentou ao discípulo incrédulo o seu lado para que lhe pudesse tocar, mostrou-lhe as mãos e, mostrando-lhe também a cicatriz das suas chagas, curou a ferida daquela incredulidade. Que pensais, irmãos caríssimos, de tudo isto? Julgais porventura ter acontecido por acaso que aquele discípulo estivesse ausente naquela ocasião, que ao voltar ouvisse contar, que ao ouvir duvidasse, que ao duvidar tocasse e que ao tocar acreditasse?
Tudo isto não aconteceu por acaso, mas por disposição da providência divina. A bondade de Deus actuou de modo admirável, a fim de que aquele discípulo que duvidara, ao tocar as feridas do corpo do seu Mestre curasse as feridas da nossa incredulidade. Mais proveitosa foi para a nossa fé a incredulidade de Tomé do que a fé dos discípulos que não duvidaram; porque, enquanto ele é reconduzido à fé porque pôde tocar, a nossa alma põe de parte toda a dúvida e confirma-se na fé. Deste modo, o discípulo que duvidou e tocou, tornou-se testemunha da realidade da ressurreição. Tocou e exclamou: Meu Senhor e meu Deus. Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, acreditaste. Ora, como o apóstolo Paulo diz: A fé é o fundamento dos bens que se esperam, a prova das realidades que não se vêem, torna-se claro que a fé é a prova da verdade daquelas coisas que não podemos ver. Pois aquilo que se vê já não é objecto de fé, mas de conhecimento directo. Então, se Tomé viu e tocou, porque é que lhe diz o Senhor: Porque me viste, acreditaste? É que ele viu uma coisa e acreditou noutra. A divindade não podia ser vista por um mortal. Ele viu a humanidade de Jesus e fez profissão de fé na sua divindade exclamando: Meu Senhor e meu Deus. Portanto, tendo visto acreditou, porque tendo à sua vista um homem verdadeiro, exclamou que era Deus, a quem não podia ver.
Muita alegria nos dá o que se segue: Felizes os que não viram e acreditaram. Por esta frase, não há dúvida que somos nós especialmente visados, pois não O vimos em sua carne, mas possuímo-l’O no nosso espírito. Somos nós visados, desde que as obras acompanhem a nossa fé. Na verdade só acredita verdadeiramente aquele que procede segundo a fé que professa. Pelo contrário, daqueles que têm fé apenas de palavras, diz São Paulo: Professam conhecer a Deus, mas negam-n’O por obras. A este respeito diz São Tiago: A fé sem obras é morta