Santos

São Boaventura, bispo e doutor da Igreja

 

Nota Histórica

Memória

Boaventura nasceu aproximadamente no ano 1218, em Bagnoregio, na Etrúria, região da Itália. Estudou Filosofia e Teologia em Paris, e, a seguir, ensinou as mesmas disciplinas aos seus irmãos da Ordem dos Frades Menores. Foi eleito ministro geral da sua Ordem, cargo que exerceu com prudência e sabedoria. Nomeado cardeal bispo de Albano participou no segundo Concílio de Lyon, trabalhando pela unidade da Igreja, vindo aí a falecer em 15 de julho de 1274. Escreveu muitas obras filosóficas e teológicas, destacando o seu Itinerário da mente para Deus.

 

Missa

Comum dos pastores da Igreja: para um bispo;
ou Comum dos doutores da Igreja.


Para um bispo

Antífona de entrada
O Senhor o escolheu como sumo sacerdote
e abriu-lhe o tesouro de todas as suas bênçãos.

Ou: Cf. Sir 50, 1; 44, 16.22
Eis o sumo sacerdote, que na sua vida agradou ao Senhor.
Por isso, com juramento, o Senhor o engrandeceu no meio do seu povo.


Oração coleta
Concedei-nos, Deus todo-poderoso,
que, celebrando hoje o bispo são Boaventura,
aproveitemos a riqueza dos seus ensinamentos
e imitemos a sua ardente caridade.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.


Oração sobre as oblatas
Recebei, Senhor, o sacrifício do vosso povo
e fazei que estes dons,
oferecidos para vossa glória, em honra de santo N.,
sejam para nós fonte de salvação eterna.
Por Cristo nosso Senhor.


Antífona da comunhão Cf. Jo 10, 11
O bom Pastor dá a vida pelas suas ovelhas.


Oração depois da comunhão
A comunhão deste sacramento, Senhor,
faça crescer em nós o ardor da caridade de são Boaventura
que o levava a entregar-se totalmente ao serviço da Igreja.
Por Cristo nosso Senhor.

 

Liturgia das Horas

Do Opúsculo de São Boaventura, bispo:

«Itinerário da alma para Deus»

(Cap. 7, 1.2.4.6: Opera omnia, 5, 312-313) (Sec. XIII)

À sabedoria mística revelada pelo Espírito Santo
Cristo é o caminho e a porta. Cristo é a escada e o veículo; o propiciatório colocado sobre a arca de Deus e o sacramento escondido desde os séculos. Quem olha para este propiciatório, de rosto plenamente voltado para ele, contemplando-o suspenso na cruz, com fé, esperança e caridade, com devoção, admiração e alegria, com veneração, louvor e júbilo, realiza com Ele a Páscoa, isto é, a passagem. E assim, por meio da vara da cruz atravessa o Mar Vermelho, saindo do Egipto e entrando no deserto, onde saboreia o maná escondido. Descansa também no túmulo com Cristo, parecendo exteriormente morto, mas sentindo, quanto lhe é possível no estado de viador, aquilo que na cruz foi dito ao ladrão que aderiu a Cristo: Hoje estarás comigo no paraíso.
Nesta passagem, se for perfeita, é necessário que se deixem todas as operações intelectivas e que o ápice mais sublime do amor seja transferido e transformado totalmente em Deus. Isto porém é uma realidade mística e ocultíssima, que ninguém conhece a não ser quem recebe, nem ninguém recebe senão quem deseja, nem deseja senão aquele que é inflamado, até à medula da alma, pelo fogo do Espírito Santo, que Cristo enviou à terra. Por isso diz o Apóstolo que esta sabedoria mística é revelada pelo Espírito Santo.
Se pretendes saber como isto sucede, interroga a graça e não a ciência, a aspiração profunda e não a inteligência, o gemido da oração e não o estudo dos livros, o esposo e não o professor, Deus e não o homem, a nuvem e não a claridade. Não interrogues a luz, mas o fogo que tudo inflama e transfere para Deus, com unção suavíssima e ardentíssimos afectos. Esse fogo é Deus; a sua fornalha está em Jerusalém. Cristo acendeu-o na chama da sua ardentíssima paixão. Só verdadeiramente o recebe quem diz: A minha alma preferia o estrangulamento, e os meus ossos a morte. Quem ama esta morte pode ver a Deus, porque é indubitavelmente verdade que nenhum homem poderá ver-Me e continuar a viver.
Morramos, pois, e entremos nessa nuvem; imponhamos silêncio às preocupações terrenas, paixões e imaginações; passemos, com Cristo crucificado, deste mundo para o Pai, a fim de que, ao manifestar-se-nos o Pai, digamos com o apóstolo Filipe: Isto nos basta; e ouçamos com São Paulo: Basta-te a minha graça; e exultemos com David, exclamando: Desfalece a minha carne e o meu coração: Deus é o meu refúgio e a minha herança para sempre. Bendito seja o Senhor para sempre. E todo o povo diga: Amen. Amen.