Santos

Santo Eusébio de Vercelas, bispo

 

Nota Histórica

Eusébio nasceu na Sardenha, no princípio do século IV. Pertencia ao clero de Roma, quando, no ano 345, foi eleito bispo de Vercelas. Propagou grandemente a religião cristã em toda a região  do Piemonte, na atual Itália, por meio da sua pregação e introduziu a vida monástica na sua diocese. Foi exilado pelo imperador Constâncio, primeiro para Citópolis, depois para a Capadócia e para a Tebaida, por ter confessado a verdadeira fé do Concílio de Niceia. Tendo regressado à sua sede, oito anos mais tarde, trabalhou valorosamente para restaurar a fé contra os arianos. Morreu em Vercelas, no ano 371.

 

Missa

Comum dos pastores da Igreja: para um bispo.

Oração coleta
Concedei-nos, Senhor nosso Deus,
a graça de imitar a constância do bispo santo Eusébio [de Vercelas],
na defesa da divindade do vosso Filho,
de modo que, perseverando na fé que ele ensinou,
mereçamos participar da vida do vosso Filho.
Ele que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.

 

Liturgia das Horas

Das Cartas de Santo Eusébio de Vercelas, bispo

(Carta 2, 1, 3 – 2, 3; 10, 1 – 11, 1: CCL 9, 104-105.109) (Sec. IV)

Completei a carreira, conservei a fé

Fui informado, irmãos caríssimos, de que vos encontrais bem, como eu desejava; e tive a sensação de que me encontrava no meio de vós, como se tivesse atravessado subitamente a grande distância que nos separa, como aconteceu a Habacuc, quando foi transportado pelo Anjo até junto de Daniel. Ao receber as cartas de cada um de vós e ao ler nelas os bons sentimentos e o amor que tendes por mim, as lágrimas misturavam-se com a minha alegria e, embora ávido de ler, o meu espírito era impedido pela abundância das lágrimas. E não podia evitar nem a alegria nem as lágrimas, porque, sendo fonte do mesmo sentimento de saudade, queriam sobrepor-se uma coisa à outra para manifestar a intensidade do meu amor. Vivendo assim, durante vários dias, nestes santos afectos, imaginava-me estar a conversar convosco e esquecia os sofrimentos passados; sentia-me inundado por lembranças consoladoras que me faziam reviver a vossa fé, o vosso amor, os frutos da vossa caridade, a tal ponto que, sentindo-me tão feliz, era como se de repente não estivesse já no exílio, mas no meio de vós.
Por isso alegro-me, irmãos caríssimos, por causa da vossa fé, alegro-me pela salvação que alcançais com a fé, alegro-me pelos frutos que dais não somente aos que aí se encontram, mas também aos que estão longe. Assim como o agricultor se dedica ao cultivo da árvore que dá fruto e que, portanto, não está sujeita a ser cortada pelo machado e lançada na fogueira, assim também eu quero e desejo não somente dedicar-me de corpo e alma ao vosso serviço, mas até dar a vida pela vossa salvação.
Foi com dificuldade que, apesar de tudo, consegui escrever-vos esta carta, pedindo continuamente a Deus que sustivesse os guardas por mais umas horas e nos concedesse que o diácono vos pudesse levar uma saudação, de preferência a notícias sobre o meu sofrimento.
Por isso, instantemente vos peço que guardeis a fé com todo o cuidado, mantenhais a concórdia, vos dediqueis à oração e vos recordeis sempre de mim, para que o Senhor se digne libertar a sua Igreja, que sofre por todo o mundo, e para que eu possa um dia ver-me livre da presente tribulação e alegrar-me de novo no meio de vós.
Também vos peço e vos rogo, pela misericórdia de Deus, que cada um de vós veja correspondida nesta carta a sua saudação, porque, obrigado pelas circunstâncias, não pude escrever pessoalmente a cada um de vós, como costumava. Por isso me dirijo nesta carta a todos vós, irmãos, a todas as santas irmãs, filhos e filhas, fiéis de ambos os sexos e de todas as idades, para que vos contenteis com esta simples saudação e vos digneis saudar também, em meu nome, aqueles que são de fora e me concedem a sua amizade.