Santos

São Lourenço, diácono e mártir

 

Nota Histórica

Festa
Lourenço, famoso diácono da Igreja Romana, confirmou com o martírio, na perseguição de Valeriano, o seu serviço de caridade, no dia 10 de agosto de 258, quatro dias depois do papa Sisto II e seus companheiros. Segundo uma tradição já divulgada no século IV, suportou corajosamente um atroz martírio na grelha, depois de ter distribuído os bens da comunidade aos pobres – por ele qualificados como verdadeiros tesouros da Igreja. O seu sepulcro encontra‑se junto à Via Tiburtina, no Campo Verano, no cemitério que recebeu o seu nome. Constantino Magno erigiu uma basílica naquele lugar. O seu culto já se tinha difundido na Igreja no século IV.

 

Missa

Antífona de entrada
São Lourenço dedicou a sua vida ao serviço da Igreja;
por isso mereceu a palma do martírio
e subiu glorioso à presença de nosso Senhor Jesus Cristo.

Diz-se o Glória.

Oração coleta
Senhor nosso Deus,
que inflamastes são Lourenço no fogo da caridade
e o fizestes resplandecer fiel no serviço e glorioso no martírio,
fazei-nos amar o que ele amou e praticar o que ele ensinou.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.


LEITURA I 2 Cor 9, 6-10
«Deus ama aquele que dá com alegria»

Leitura da Segunda Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios
Irmãos:
Lembrai-vos disto:
Quem semeia pouco também colherá pouco
e quem semeia abundantemente
também colherá abundantemente.
Dê cada um segundo o impulso do seu coração,
sem tristeza nem constrangimento,
porque Deus ama aquele que dá com alegria.
E Deus é poderoso para vos cumular de todas as graças,
de modo que, tendo sempre e em tudo o necessário,
vos fique ainda muito para toda a espécie de boas obras,
como está escrito:
«Repartiu com largueza pelos pobres;
a sua justiça permanece para sempre».
Aquele que dá a semente ao semeador e o pão para alimento
também vos dará a semente em abundância
e multiplicará os frutos da vossa justiça.
Palavra do Senhor.


SALMO RESPONSORIAL Salmo 111 (112), 1-2.5-6.7-8.9 (R. cf. 5a)
Refrão: Ditoso o homem de coração bondoso e compassivo.

Feliz o homem que teme o Senhor
e ama ardentemente os seus preceitos.
A sua descendência será poderosa sobre a terra,
será abençoada a geração dos justos.

Ditoso o homem que se compadece e empresta
e dispõe das suas coisas com justiça.
Este jamais será abalado;
o justo deixará memória eterna.

Ele não receia más notícias,
seu coração está firme, confiado no Senhor,
O seu coração é inabalável, nada teme
e verá os adversários confundidos.

Reparte com largueza pelos pobres,
a sua generosidade permanece para sempre
e pode levantar a cabeça com dignidade.


ALELUIA Jo 8, 12bc
Refrão: Aleluia. Repete-se
Quem Me segue não anda nas trevas,
mas terá a luz da vida, diz o Senhor. Refrão


EVANGELHO Jo 12, 24-26
«Se alguém Me servir, meu Pai o honrará»

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo,
disse Jesus aos seus discípulos:
«Em verdade, em verdade vos digo:
Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só;
mas se morrer, dará muito fruto.
Quem ama a sua vida, perdê-la-á,
e quem despreza a sua vida neste mundo
conservá-la-á para a vida eterna.
Se alguém Me quiser servir, que Me siga,
e onde Eu estiver, ali estará também o meu servo.
E se alguém Me servir, meu Pai o honrará».
Palavra da salvação.


Oração sobre as oblatas
Recebei benignamente, Senhor,
os dons que Vos apresentamos com alegria,
na festa de são Lourenço,
e fazei que se tornem para nós sacramento de salvação.
Por Cristo nosso Senhor.

Prefácio I ou II dos mártires.

Antífona da comunhão Cf. Jo 12, 26
Se alguém Me quiser servir, siga-Me, diz o Senhor;
e onde Eu estiver, ali estará também o meu servo.

Oração depois da comunhão
Saciados com os vossos dons sagrados,
na festividade de são Lourenço,
fazei, Senhor, que por estes santos mistérios
sintamos aumentar em nós a salvação.
Por Cristo nosso Senhor.

Pode utilizar-se a fórmula de bênção solene.

 

Liturgia das Horas

Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo

(Sermão 304, 1-4: PL 38, 1-395-1397) (Sec. V)

Administrou o sagrado Sangue de Cristo

A Igreja Romana convida nos hoje a celebrar o triunfo de São Lourenço, que, desprezando as ameaças e as seduções do mundo, venceu a perseguição do demónio. Exercia nessa Igreja de Roma, como sabeis, as funções de diácono. Aí administrou o sagrado Sangue de Cristo; aí derramou o seu sangue pelo nome de Cristo.
O bem-aventurado apóstolo São João expôs claramente o mistério da Ceia do Senhor, dizendo: Como Cristo deu a sua vida por nós, também nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos. Assim compreendeu São Lourenço; assim o compreendeu e realizou: o que tinha recebido naquela mesa, isso mesmo ofereceu. Amou a Cristo na sua vida, imitou O na sua morte.
Portanto, também nós, irmãos, se realmente O amamos, imitemo l’O. A melhor prova que podemos dar do nosso amor é imitar o seu exemplo. Na verdade, Cristo sofreu por nós, deixando nos o exemplo, para que sigamos os seus passos. Estas palavras do apóstolo São Pedro parecem dar a entender que Cristo só sofreu por aqueles que seguem os seus passos e que a paixão de Cristo de nada aproveita senão àqueles que O seguem. Seguiram n’O os santos mártires até ao derramamento de sangue, à semelhança da sua paixão. Seguiram n’O os mártires, mas não só eles. Não foi cortada a ponte depois de eles terem passado; não secou a fonte depois de eles terem bebido.
Aquele jardim do Senhor, meus irmãos, não só tem as rosas dos mártires, mas também os lírios das virgens, as heras dos esposos e as violetas das viúvas. Nenhuma classe de pessoas, irmãos caríssimos, deve menosprezar a sua vocação. Cristo sofreu por todos. Com toda a verdade está escrito a este propósito: Ele quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade.
Entendamos, portanto, como deve o cristão seguir a Cristo, mesmo sem ter de derramar o seu sangue, sem ter de suportar o martírio. Diz o Apóstolo, referindo se a Cristo nosso Senhor: Ele, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus. Oh sublime majestade! Mas aniquilou Se a Si próprio, assumindo a condição de servo, tornando Se semelhante aos homens e aparecendo como homem. Oh profunda humildade!
Cristo humilhou Se: aqui tens, cristão, o que deves imitar. Cristo obedeceu: como podes orgulhar te? E depois de ter passado semelhante humilhação e de ter vencido a morte, Cristo subiu ao Céu: sigamo l’O. Ouçamos o que diz o Apóstolo: Se ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus.