Santos
Santa Clara, virgem
Nota Histórica
Memória
Clara nasceu em Assis, no ano 1193. Imitando o exemplo do seu concidadão Francisco, seguiu o caminho da pobreza e fundou a Ordem monástica das Clarissas. A sua vida foi de grande austeridade, mas rica em obras de caridade e de piedade. Foi buscar à sua fé eucarística uma força extraordinária que a tornou destemida, mesmo perante as invasões dos sarracenos, em 1230. Morreu no dia 11 de agosto de 1253.
Missa
Comum das virgens, ou Comum das santas: para as religiosas.
[Do Comum das virgens]
Antífona de entrada
Esta é a virgem sábia e prudente, que, de lâmpada acesa, foi ao encontro de Cristo.
Ou:
Como sois formosa, virgem de Cristo, que merecestes receber a coroa do Senhor, a coroa da perpétua virgindade.
Oração coleta
Senhor nosso Deus,
que inspirastes misericordiosamente a santa Clara
um profundo amor à pobreza,
concedei, por sua intercessão,
que, seguindo a Cristo na pobreza espiritual,
mereçamos contemplar-Vos no reino celeste.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.
Oração sobre as oblatas
Ao proclamarmos as maravilhas que realizastes em santa Clara,
humildemente Vos pedimos, Senhor,
que aceiteis a oferta do nosso ministério,
como aceitastes os méritos da sua vida.
Por Cristo nosso Senhor.
Antífona da comunhão Cf. Mt 25, 6
Chegou o Esposo.
Ide ao encontro de Cristo Senhor.
Ou: Cf. Sl 26, 4
Uma só coisa peço ao Senhor, por ela anseio:
habitar na casa do Senhor todos os dias da minha vida.
Oração depois da comunhão
Senhor nosso Deus,
que nos fortaleceis com estes divinos mistérios,
fazei que, a exemplo de santa Clara,
levando sempre em nosso corpo os sofrimentos de Cristo,
vivamos somente para Vós.
Por Cristo nosso Senhor.
Liturgia das Horas
Da Carta de Santa Clara, virgem, à Beata Inês de Praga
(Escritos de S. Clara, ed. 1 Omaecheverría, Madrid 1970, pp. 339-341) (Sec. XIII)
Imita a pobreza, a humildade e a caridade de Cristo
Feliz de quem pode gozar as delícias do sagrado banquete e unir se intimamente ao coração de Cristo, cuja beleza os Anjos admiram sem cessar, cujo afecto atrai os corações, cuja contemplação nos reconforta, cuja benignidade nos sacia, cuja suavidade enche a alma, cuja lembrança nos inunda de luz suave, cuja fragrância ressuscita os mortos, cuja visão gloriosa constitui a felicidade de todos os habitantes da Jerusalém celeste. Ele é o esplendor da luz eterna, o espelho puríssimo da acção divina. Olha continuamente para este espelho, rainha e esposa de Cristo; contempla nele o teu rosto e procura adornar te interior e exteriormente com as mais variadas flores das virtudes e com as vestes formosas que convêm à filha e à esposa castíssima do Rei dos reis.
Neste espelho se reflecte esplendidamente a ditosa pobreza, a santa humildade e a inefável caridade, como podes observar, com a graça de Deus, em todas as suas partes. Ao começo do espelho, repara na pobreza d’Aquele que foi colocado no presépio e envolvido em panos. Oh admirável humildade, oh espantosa pobreza! O Rei dos Anjos, o Senhor do céu e da terra deitado num presépio! No centro do espelho, observa como a humildade, ou a santa pobreza, suporta tantos trabalhos e tormentos para remir o género humano. E no fim do espelho, contempla a caridade inefável que O levou à cruz e à morte mais infamante.
Por isso o próprio espelho, suspenso na cruz, exortava os transeuntes a considerar estas coisas, dizendo: Ó vós todos que passais pelo caminho, olhai e vede se há dor semelhante à minha dor.
Respondamos nós aos seus clamores e gemidos, com uma só alma e um só coração: A minha alma sempre o recorda e desfalece de tristeza dentro de mim. Abrasa te cada vez mais neste amor, ó rainha do Rei celeste.
Contempla ao mesmo tempo as delícias inefáveis do Rei dos Céus e as suas riquezas e honras perpétuas e, suspirando de amor ardente, proclama no íntimo do teu coração: Leva me contigo; correrei seguindo o aroma dos teus perfumes, ó Esposo celeste. Correrei sem desfalecer, até que me introduzas na sala do festim, até que na tua mão esquerda descanse a minha cabeça e a tua direita me abrace com terno amor.
No meio destas piedosas contemplações, lembra te desta pobrezinha, tua mãe, sabendo que te levo inseparavelmente gravada no meu coração como filha predilecta.