Santos
Martírio de são João Batista
Nota Histórica
Memória
A Igreja celebra neste dia o martírio de João Batista, que o rei Herodes Antipas fez prisioneiro na fortaleza de Maqueronte, na atual Jordânia, e que, na festa do seu aniversário, a pedido da filha de Herodíades, mandou degolar. Deste modo, o Precursor do Senhor, como luz que arde e ilumina, deu testemunho da verdade, tanto na vida como na morte.
Missa
Antífona de entrada Cf. Sl 118, 46-47
Diante dos reis anunciei a vossa palavra e não me envergonharei.
Alegro-me nos vossos mandamentos, que muito amo, Senhor.
Oração coleta
Senhor nosso Deus,
que quisestes que são João fosse o Precursor
do nascimento e da morte do vosso Filho,
concedei-nos que,
assim como ele deu a sua vida pela justiça e pela verdade,
também nós saibamos lutar corajosamente pelo testemunho da verdade.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.
LEITURA I Jer 1, 17-19
«Vai dizer-lhes tudo o que Eu te ordenar: não temas diante deles»
Leitura do Livro de Jeremias
Naqueles dias,
o Senhor dirigiu-me a palavra, dizendo:
«Cinge os teus rins e levanta-te,
para ires dizer tudo o que Eu te ordenar.
Não temas diante deles,
senão serei Eu que te farei temer a sua presença.
Hoje mesmo faço de ti uma cidade fortificada,
uma coluna de ferro e uma muralha de bronze,
diante de todo este país, dos reis de Judá e dos seus chefes,
diante dos sacerdotes e do povo da terra.
Eles combaterão contra ti, mas não poderão vencer-te,
porque Eu estou contigo para te salvar».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 70 (71), 1-2.3-4a.5-6ab.15ab e 17 (R. cf. 15ab)
Refrão: A minha boca proclamará a vossa salvação.
Em Vós, Senhor, me refugio,
jamais serei confundido.
Pela vossa justiça, defendei-me e salvai-me,
prestai ouvidos e libertai-me.
Sede para mim um refúgio seguro,
a fortaleza da minha salvação.
Vós sois a minha defesa e o meu refúgio:
meu Deus, salvai-me do pecador.
Sois Vós, Senhor, a minha esperança,
a minha confiança desde a juventude.
Desde o nascimento Vós me sustentais,
desde o seio materno sois o meu protetor.
A minha boca proclamará a vossa justiça,
dia após dia a vossa infinita salvação.
Desde a juventude Vós me ensinais
e até hoje anunciei sempre os vossos prodígios.
ALELUIA Mt 5, 10
Refrão: Aleluia. Repete-se
Bem-aventurados os que sofrem perseguição
por amor da justiça,
porque deles é o reino dos Céus. Refrão
EVANGELHO Mc 6, 17-29
«Quero que me dês sem demora, num prato, a cabeça de João Baptista»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo,
o rei Herodes mandara prender João
e algemá-lo no cárcere,
por causa de Herodíades, a mulher do seu irmão Filipe,
que ele tinha tomado por esposa.
João dizia a Herodes:
«Não podes ter contigo a mulher do teu irmão».
Herodíades odiava João Baptista
e queria dar-lhe a morte, mas não podia,
porque Herodes respeitava João,
sabendo que era justo e santo,
e por isso o protegia.
Quando o ouvia, ficava perturbado,
mas escutava-o com prazer.
Entretanto, chegou um dia oportuno,
quando Herodes, no seu aniversário natalício,
ofereceu um banquete aos grandes da corte,
aos oficiais e às principais personalidades da Galileia.
Entrou então a filha de Herodíades,
que dançou e agradou a Herodes e aos convidados.
O rei disse à jovem:
«Pede-me o que desejares e eu to darei».
E fez este juramento:
«Dar-te-ei o que me pedires,
ainda que seja a metade do meu reino».
Ela saiu e perguntou à mãe: «Que hei de pedir?».
A mãe respondeu-lhe: «Pede a cabeça de João Baptista».
Ela voltou apressadamente à presença do rei
e fez-lhe este pedido:
«Quero que me dês sem demora, num prato,
a cabeça de João Baptista».
O rei ficou consternado,
mas por causa do juramento e dos convidados,
não quis recusar o pedido.
E mandou imediatamente um guarda,
com ordem de trazer a cabeça de João.
O guarda foi à cadeia, cortou a cabeça de João
e trouxe-a num prato.
A jovem recebeu-a e entregou-a à mãe.
Quando os discípulos de João souberam a notícia,
foram buscar o seu cadáver e deram-lhe sepultura.
Palavra da salvação.
Oração sobre as oblatas
Recebei, Senhor, estes dons que Vos apresentamos,
e dai-nos a graça de andar sempre pelos caminhos da santidade,
que são João [Batista] proclamou, clamando no deserto,
e confirmou com o testemunho do seu sangue.
Por Cristo nosso Senhor.
Prefácio A missão do Precursor
V. O Senhor esteja convosco.
R. Ele está no meio de nós.
V. Corações ao alto.
R. O nosso coração está em Deus.
V. Dêmos graças ao Senhor nosso Deus.
R. É nosso dever, é nossa salvação.
Senhor, Pai santo, Deus eterno e omnipotente,
é verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação
dar-Vos graças, sempre e em toda a parte,
por nosso Senhor Jesus Cristo.
Ao celebrarmos hoje a glória do Precursor são João,
proclamado o maior entre os filhos dos homens,
anunciamos as vossas maravilhas:
antes de nascer, ele exultou de alegria,
sentindo a presença do Salvador;
quando veio ao mundo,
muitos se alegraram pelo seu nascimento;
foi ele, entre todos os Profetas,
que mostrou o Cordeiro que tira o pecado do mundo;
nas águas do Jordão, ele batizou o autor do Batismo
e, desde então, a água viva tem poder de santificar os crentes;
por fim, deu o mais belo testemunho de Cristo,
derramando por Ele o seu sangue.
Por isso, com os coros celestes,
proclamamos, na terra, a vossa glória,
dizendo (cantando) numa só voz:
Santo, Santo, Santo,
Senhor Deus do universo.
O céu e a terra proclamam a vossa glória.
Hossana nas alturas.
Bendito O que vem em nome do Senhor.
Hossana nas alturas.
Antífona da comunhão Jo 3, 27.30
Disse João aos seus discípulos:
É preciso que Ele cresça e eu diminua.
Oração depois da comunhão
Ao celebrarmos o martírio de são João [Batista],
concedei-nos, Senhor, que veneremos com fé viva
os sacramentos de salvação que recebemos
e nos alegremos com a sua ação em nós.
Por Cristo nosso Senhor.
Liturgia das Horas
Das Homilias de São Beda Venerável, presbítero
(Hom. 23: CCL 122, 354.356-357) (Sec. VIII)
Precursor de Cristo no nascimento e na morte
O santo precursor do nascimento, da pregação e da morte do Senhor, mostrou no momento da sua luta suprema uma coragem digna de atrair o olhar de Deus. Como diz a Escritura: Se aos olhos dos homens foi atormentado, a sua esperança estava cheia de imortalidade. Com razão celebramos festivamente o dia do seu novo nascimento, dia que ele tornou memorável com a sua própria morte e ilustrou com a gloriosa púrpura do seu sangue. Merecidamente veneramos com alegria espiritual a memória daquele que selou com o martírio o testemunho que dera do Senhor.
São João sofreu a prisão e as cadeias e deu a sua vida em testemunho do nosso Redentor, a quem devia preparar os caminhos. Não lhe foi pedido pelo perseguidor que negasse a Cristo, mas que calasse a verdade. E no entanto, ele morreu por Cristo.
Cristo disse: Eu sou a verdade. Por isso, foi por Cristo que São João derramou o seu sangue, porque foi pela verdade que o derramou. Se com o seu nascimento, a sua pregação e o seu baptismo dera testemunho de Cristo que havia de nascer, pregar e baptizar, também com o seu martírio precursor deu testemunho da futura paixão do Senhor.
Assim terminou a sua vida este homem tão insigne e valoroso, derramando o seu sangue depois de longo e penoso cativeiro. Ele que anunciara a liberdade duma paz superior, é lançado pelos ímpios na prisão; é encerrado na escuridão do cárcere aquele que veio para dar testemunho da luz e a quem a própria Luz, que é Cristo, denominou como uma lâmpada que arde e alumia; e foi baptizado com o próprio sangue aquele a quem foi concedido baptizar o Redentor do mundo, ouvir a voz do Pai que falava do Filho, ver a graça do Espírito Santo que descia sobre Ele. Por isso, longe de lhe parecer penoso, era pelo contrário fácil e desejável para ele suportar pela verdade os tormentos temporais, que lhe faziam antever a recompensa das alegrias eternas.
A morte não era para João Baptista apenas uma realidade inevitável da natureza ou uma dura necessidade. Ele desejou a como o melhor modo de confessar o nome de Cristo e receber assim a palma da vida eterna. Bem diz o Apóstolo: A vós foi concedido por Cristo não só acreditar n’Ele, mas também sofrer por Ele. E se ele diz que sofrer por Cristo é um dom concedido aos eleitos, é porque os sofrimentos do tempo presente não têm comparação com a glória futura que se há de manifestar em nós.