Santos

Santa Isabel da Hungria, religiosa

 

Nota Histórica

Memória

Isabel era filha de André II, rei da Hungria, e nasceu no ano 1207. Ainda muito jovem foi dada em matrimónio a Luís IV, landgrave da Turíngia, e teve três filhos. Dedicou‑se a uma vida de intensa meditação das realidades celestes e de caridade para com o próximo. Depois da morte de seu marido, renunciou aos seus bens e retirou-se, em Marburgo, cidade da Alemanha. Terceira Franciscana, fundou nessa cidade um hospital onde ela mesma cuidava os enfermos. Morreu aos vinte e cinco anos, no dia 17 de novembro do ano 1231.

 

Missa

Comum das santas: para os que se dedicaram às obras de misericórdia.


Antífona de entrada Cf. Mt 25, 34.36.40
Vinde, benditos de meu Pai, diz o Senhor.
Estive doente e vós Me visitastes.
Em verdade vos digo:
Tudo o que fizestes ao mais pequenino dos meus irmãos,
a Mim o fizestes.

Ou: Sl 111, 9
Repartiu com largueza pelos pobres:
a sua generosidade permanece para sempre,
e pode levantar a cabeça com dignidade.


Oração coleta
Senhor nosso Deus,
que destes a santa Isabel da Hungria
o dom de conhecer e venerar a Cristo nos pobres,
concedei-nos, por sua intercessão,
a graça de servirmos, com caridade sem limites,
os pobres e os atribulados.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.


Oração sobre as oblatas
Recebei, Senhor, os dons do vosso povo,
ao celebrarmos o memorial da caridade infinita do vosso Filho,
e, pelo exemplo e intercessão dos santos,
confirmai-nos no amor para convosco e para com o próximo.
Por Cristo nosso Senhor.


Antífona da comunhão Jo 15, 13
Não há maior prova de amor do que dar a vida pelos amigos.

Ou: Cf. Jo 13, 35
Todos conhecerão que sois meus discípulos,
se vos amardes uns aos outros, diz o Senhor.


Oração depois da comunhão
Senhor, que nos alimentastes nestes santos mistérios,
dai-nos a graça de seguir os exemplos de santa Isabel da Hungria,
que se consagrou a Vós de todo o coração
e praticou incansavelmente a caridade para com o vosso povo.
Por Cristo nosso Senhor.

Ou:
Deus de bondade infinita,
que nos fizestes saborear o alimento da salvação,
fazei que imitemos a caridade de santa Isabel da Hungria,
para participarmos também da sua glória.
Por Cristo nosso Senhor.

 

Liturgia das Horas

Da Carta do Conrado de Marburgo,
director espiritual de Santa Isabel da Hungria

(Ao Sumo Pontífice, no ano 1232;
A. Wyss, Hessisches Urkundenbuch I, Leipzig 1879, 31-35)

Isabel conheceu e amou a Cristo nos pobres

Isabel começou muito cedo a distinguir se na virtude. Em toda a sua vida foi consoladora dos pobres; a dada altura dedicou se inteiramente aos famintos e, junto de um castelo seu, mandou construir um hospital onde recolhia muitos enfermos e estropiados. Distribuía largamente os dons da sua beneficência, não só a quantos ali acorriam a pedir esmola, mas em todos os territórios da jurisdição de seu marido, chegando ao ponto de gastar nessas obras de assistência todas as rendas provenientes dos quatro principados e vendendo por fim, para utilidade dos pobres, todos os objectos de valor e vestes preciosas.
Costumava visitar duas vezes por dia, de manhã e à tarde, todos os seus doentes, ocupando se pessoalmente dos que apresentavam aspecto mais repugnante. Dava de comer a uns, deitava outros na cama, transportava outros aos ombros e dedicava se a todo o género de serviço humanitário. Em todas estas coisas nunca ela encontrou má vontade em seu marido de grata memória. Finalmente, depois da morte deste, no desejo da suma perfeição, pediu me com lágrimas que a autorizasse a pedir esmola de porta em porta.
Precisamente no dia de Sexta Feira Santa, estando desnudados os altares, numa capela da sua cidade, onde acolhera os Frades Menores, na presença de testemunhas e postas as mãos sobre o altar, renunciou à sua própria vontade, a todas as pompas do mundo e ao que o Salvador no Evangelho aconselha a deixar. Feito isto e vendo que poderia ser absorvida pelo tumulto do século e pela glória mundana naquela terra, em que no tempo do marido vivera com tanta grandeza, veio para Marburgo contra minha vontade. Nesta cidade construiu um hospital para receber doentes e aleijados dos quais sentou à sua mesa os mais miseráveis e desprezados.
Além destas actividades caritativas, diante de Deus o afirmo, raras vezes encontrei mulher mais dada à contemplação. Algumas religiosas e religiosos viram muitas vezes que, quando voltava do recolhimento da oração, o seu rosto resplandecia maravilhosamente e os seus olhos brilhavam como raios de sol.
Antes de morrer ouvi a de confissão. Perguntando lhe o que se devia fazer dos seus haveres e mobiliário, respondeu me que tudo quanto parecia possuir era já dos pobres desde há muito tempo e pediu me que distribuísse tudo por eles, excepto a pobre túnica com que estava vestida e com a qual desejava ser sepultada. Depois recebeu o Corpo do Senhor e, seguidamente, até à hora de Vésperas, falou muitas vezes do que mais a tinha impressionado na pregação. Por fim, encomendou devotamente a Deus os que lhe assistiam e expirou como quem adormece suavemente.