Santos
Santo Atanásio, bispo e doutor da Igreja
Nota Histórica
Memória
Santo Atanásio nasceu em Alexandria, no Egito, no ano 295. Acompanhou o bispo Alexandre no Concílio de Niceia e foi seu sucessor no episcopado. Ilustríssimo pela santidade e doutrina, defendeu valorosamente a verdadeira fé, desde o tempo de Constantino até ao imperador Valente. Lutou incansavelmente contra a heresia dos arianos, defendendo a fé na divindade de Cristo, por eles negada e proclamada no concílio de Niceia (325). Por isso, teve de suportar muitos sofrimentos e foi exilado várias vezes. Escreveu importantes obras doutrinais e apologéticas. Morreu no ano 373.
Missa
Antífona de entrada Cf. Sir 15, 5
O Senhor deu-lhe a palavra no meio da assembleia,
encheu-o com o espírito de sabedoria e inteligência
e revestiu-o com um manto de glória.
Oração coleta
Deus todo-poderoso e eterno,
que suscitastes na Igreja o bispo santo Atanásio,
para defender a fé na divindade do vosso Filho,
concedei-nos que, auxiliados pela sua doutrina e proteção,
possamos conhecer-Vos sempre melhor,
para Vos amar cada vez mais.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.
LEITURA I 1 Jo 5, 1-5
«Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé»
Leitura da Primeira Epístola de São João
Caríssimos: Quem acredita que Jesus é o Messias nasceu de Deus e quem ama Aquele que gerou ama também Aquele que nasceu d’Ele. Nós sabemos que amamos os filhos de Deus quando amamos a Deus e cumprimos os seus mandamentos, porque o amor de Deus consiste em guardar os seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados, porque todo o que nasceu de Deus vence o mundo. Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é o vencedor do mundo senão aquele que acredita que Jesus é o Filho de Deus?
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 36 (37), 3-4.5-6.30-31 (R. 30a)
Refrão: A boca do justo proclama a sabedoria.
Confia no Senhor e pratica o bem,
possuirás a terra e viverás tranquilo.
Põe no Senhor as tuas delícias,
e Ele satisfará os anseios do teu coração.
Confia ao Senhor o teu destino
e tem confiança, que Ele actuará.
Fará brilhar a tua luz como a justiça
e como o sol do meio-dia os teus direitos.
A boca do justo profere a sabedoria
e a sua língua proclama a justiça.
A lei de Deus está no seu coração
e não vacila nos seus passos.
ALELUIA Mt 5, 10
Refrão: Bem-aventurados os que sofrem perseguição
por amor da justiça,
porque deles é o reino dos Céus. Refrão
EVANGELHO Mt 10, 22-25a
«Quando vos perseguirem numa cidade, fugi para outra»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Sereis odiados por todos por causa do meu nome; mas quem perseverar até ao fim esse será salvo. Quando vos perseguirem numa cidade, fugi para outra. Em verdade vos digo: não acabareis de percorrer as cidades de Israel, antes de vir o Filho do homem. O discípulo não é superior ao mestre, nem o servo é superior ao seu senhor. Ao discípulo basta ser como o seu mestre e ao servo ser como o seu senhor».
Palavra da salvação.
Oração sobre as oblatas
Olhai, Senhor, para as ofertas que Vos apresentamos,
na comemoração de santo Atanásio,
e fazei que, professando como ele a verdadeira fé,
encontremos na proclamação da verdade o caminho da salvação.
Por Cristo nosso Senhor.
Antífona da comunhão 1Cor 3, 11
Ninguém pode colocar outro alicerce,
além do que foi constituído, que é Jesus Cristo.
Oração depois da comunhão
Pela participação neste sacramento,
fazei, Deus todo-poderoso,
que a verdadeira divindade do vosso Filho unigénito,
que firmemente proclamamos com santo Atanásio,
nos vivifique e nos defenda sempre.
Por Cristo nosso Senhor.
Liturgia das Horas
Dos Sermões de Santo Atanásio, bispo
(Serm. sobre a encarnação do Verbo, 8-9:
PG 25, 110-111) (Sec. IV)
A encarnação do Verbo
O Verbo de Deus, incorpóreo, incorruptível e imaterial, veio habitar no meio de nós, se bem que antes não estava ausente. De facto, nenhuma região do universo esteve alguma vez privada da sua presença, porque pela união com seu Pai estava em todas as coisas e em toda a parte.
Por amor de nós veio a este mundo, isto é, manifestou- Se-nos de modo sensível. Compadecido da fragilidade do género humano, comovido pelo nosso estado de corrupção, não suportando que fôssemos vítimas da morte, tomou um corpo, um corpo semelhante ao nosso, para que não perecesse o que tinha sido criado nem se inutilizasse a obra de seu Pai ao criar o homem. Não quis simplesmente habitar num corpo, nem apenas tornar-Se visível. Se de facto quisesse apenas tornar-Se visível, teria podido escolher um corpo mais excelente; mas Ele tomou o nosso corpo.
No seio da Virgem construiu para Si um templo, isto é, um corpo, e, habitando nele, fê-lo instrumento da sua manifestação. Tomou um corpo semelhante ao nosso, e, porque toda a humanidade estava sujeita à corrupção da morte, Ele, no seu imenso amor, ofereceu-o ao Pai, aceitando a morte por todos os homens. Deste modo, a lei da morte, promulgada contra todos os homens, ficou anulada para aqueles que morrem em comunhão com Ele, pois que, tendo ferido o corpo do Senhor, a morte perdeu a possibilidade de fazer mal aos outros homens, seus semelhantes. Além disso, reconduziu os homens da corrupção à incorruptibilidade, da morte à vida, consumindo neles totalmente a morte – como a palha é consumada pelo fogo – por meio do corpo que assumira e pelo poder da ressurreição.
Assumiu, portanto, um corpo mortal, para que esse corpo, unido ao Verbo que está acima de tudo, pudesse satisfazer à morte por todos. E porque era habitação do Verbo, o corpo assumido tornou-se imortal e, pelo poder da ressurreição, remédio de imortalidade para todos os homens.
Com efeito, entregando à morte o corpo que tinha assumido, Ele ofereceu-o como sacrifício e vítima puríssima, e assim libertou da morte todos os seus semelhantes, já que por todos o ofereceu em sacrifício. O Verbo de Deus, que é superior a todas as coisas, entregando e oferecendo em sacrifício o seu corpo, templo e instrumento [da divindade], pagou com a sua morte a dívida que todos tínhamos contraído.
Assim, o Filho incorruptível de Deus, tornando-Se solidário com todos os homens por um corpo semelhante ao seu, a todos fez participantes da sua imortalidade, a título de justiça, com a promessa da ressurreição. A corrupção da morte já não tem poder algum sobre os homens, por causa do Verbo que por meio do seu corpo habita neles.