Santos
Santo Ireneu, bispo e mártir
Nota Histórica
Memória
Ireneu nasceu por volta do ano 130 e foi educado em Esmirna. Foi discípulo de são Policarpo, bispo desta cidade, e guardou fielmente a memória dos tempos apostólicos. No ano 177 era presbítero em Lyon, na França, e, pouco tempo depois, foi eleito bispo da mesma cidade, sucedendo ao bispo são Potino. Segundo a tradição, recebeu como ele a coroa do martírio, por volta do ano 202. Foi promotor da reconciliação na controvérsia sobre a Páscoa, tutelou a integridade da doutrina cristã, ameaçada pelo gnosticismo, aprofundou em obras de grande valor a compreensão das Escrituras e dos mistérios da fé.
Missa
Antífona de entrada Ml 2, 6
Tinha na sua boca a palavra da verdade
e não havia maldade nos seus lábios.
Afastava muitos do mal
e andava comigo na paz e na justiça.
Oração coleta
Senhor nosso Deus,
que concedestes ao bispo santo Ireneu
o dom de proclamar com firmeza a verdadeira doutrina
e de fortalecer a paz na Igreja,
por sua intercessão, renovai-nos na fé e na caridade,
para trabalharmos, sem descanso,
pela união e concórdia entre os homens.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.
LEITURA I 2 Tim 2, 22b-26
«O servo do Senhor deve ser afável para com todos
e corrigir com mansidão os rebeldes»
Leitura da Segunda Epístola do apóstolo São Paulo a Timóteo
Caríssimo: Procura seguir a justiça, a fé, a caridade e a paz, com aqueles que, de coração puro, invocam o Senhor. Evita as discussões insensatas e deseducativas, que, como sabes, geram conflitos. Quem serve o Senhor não é conflituoso; mas deve ser afável para com todos, apto para ensinar e paciente na adversidade. Deve corrigir com mansidão os rebeldes, na esperança de que Deus lhes conceda a conversão e o conhecimento da verdade, e assim eles voltem ao bom senso, libertando-se das ciladas do diabo, que os retinha cativos, submissos à sua vontade.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 36 (37), 3-4.5-6.30-31 (R. 30a)
Refrão: A boca do justo proclama a sabedoria.
Confia no Senhor e pratica o bem,
possuirás a terra e viverás tranquilo.
Põe no Senhor as tuas delícias,
e Ele satisfará os anseios do teu coração.
Confia ao Senhor o teu destino
e tem confiança, que Ele atuará.
Fará brilhar a tua luz como a justiça
e como o sol do meio-dia os teus direitos.
A boca do justo profere a sabedoria
e a sua língua proclama a justiça.
A lei de Deus está no seu coração
e não vacila nos seus passos.
EVANGELHO Da féria (ou do Comum)
Oração sobre as oblatas
Senhor, o sacrifício que alegremente Vos oferecemos
na celebração do martírio de santo Ireneu,
dê glória ao vosso nome e nos faça amar a verdade,
para mantermos íntegra a fé da Igreja
e conservarmos firme a sua unidade.
Por Cristo nosso Senhor.
Antífona da comunhão Cf. Jo 15, 4-5
Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós, diz o Senhor.
Se alguém permanece em Mim e Eu nele, dá fruto abundante.
Oração depois da comunhão
Este sacramento que recebemos, Senhor,
nos faça progredir na fé,
que o bispo santo Ireneu testemunhou até à morte,
para que também nós a vivamos fielmente
e, por ela, sejamos salvos.
Por Cristo nosso Senhor.
Liturgia das Horas
Do Tratado de Santo Ireneu, bispo, «Contra as heresias»
(Livro 4, 20, 5-7: SC 100, 640-642.644-648) (Sec. II)
A glória de Deus é o homem vivo
e a vida do homem é a visão de Deus
Participam da vida os que vêem a Deus, porque é o esplendor de Deus que dá a vida. Por isso, Aquele que é inacessível, incompreensível e invisível, torna-Se visível, compreensível e acessível para os homens, a fim de dar vida aos que O alcançam e vêem. Porque é impossível viver sem a vida; e não há vida sem a participação de Deus, participação que consiste em ver a Deus e gozar da sua bondade.
Portanto, os homens hão-de ver a Deus para poderem viver; por esta visão tornam-se imortais e chegam até à posse de Deus. Isto foi anunciado pelos Profetas, de modo figurado, como disse há pouco: Deus será visto pelos homens que possuem o seu Espírito e aguardam sempre a vinda do Senhor. Assim diz também Moisés no Deuteronómio: Nesse dia veremos, porque Deus falará ao homem e o homem viverá.
Deus, que realiza tudo em todos, é invisível e indescritível, quanto ao seu poder e à sua grandeza, para os seres por Ele criados. Mas não é desconhecido, porque todos sabemos, por meio do seu Verbo, que há um só Deus Pai que abrange todas as coisas e a tudo dá existência, como está escrito no Evangelho: Ninguém jamais viu a Deus; o Filho Unigénito que está no seio do Pai no-l’O deu a conhecer.
Quem desde o princípio nos dá a conhecer o Pai é o Filho, porque desde o princípio está com o Pai: as visões proféticas, a diversidade de graças, os ministérios, a glorificação do Pai, tudo isto, como uma sinfonia bem composta e harmoniosa, Ele o manifestou aos homens, no tempo próprio, para seu proveito. Porque onde há composição há harmonia; onde há harmonia tudo sucede no tempo próprio; e quando tudo sucede no tempo próprio, há proveito.
Por isso o Verbo tornou-Se o administrador da graça do Pai, para proveito dos homens, em favor dos quais Ele pôs em prática a sua tão sublime economia da graça, mostrando Deus aos homens e apresentando o homem a Deus. Manteve, no entanto, a invisibilidade do Pai, para que o homem se conserve sempre reverente para com Deus e tenha um estímulo para o qual deve progredir; mas, ao mesmo tempo, mostrou também que Deus é visível aos homens por meio da economia da graça, para não suceder que o homem, privado totalmente de Deus, chegasse a perder a sua própria existência. Porque a glória de Deus é o homem vivo, e a vida do homem é a visão de Deus. Com efeito, se a manifestação de Deus, através da criação, dá a vida a todos os seres da terra, muito mais a manifestação do Pai, por meio do Verbo, dá vida a todos os que vêem a Deus.