Questões e respostas

Receber a Comunhão na mão ou comungar por suas próprias mãos

Tenho uma dúvida relativamente à Comunhão na mão. Este fim-de-semana estive num retiro onde o Corpo e o Sangue do Senhor ficaram no altar enquanto os fiéis, um a um, comungavam pelas próprias mãos, mergulhando a Sagrada Hóstia no Sangue de Cristo. Eu não o consegui fazer e tive que pedir ao sacerdote para me dar a Comunhão pelas mãos dele. Não sei se há alguma regra quanto a isto.

 

Fez bem em proceder desse modo, porque é assim que a Igreja pede que se faça. Na última Ceia foi Jesus que distribuiu o pão e deu o cálice a beber aos Apóstolos (Mt 26, 26-27); nas nossas celebrações é o ministro que os deve distribuir aos fiéis.
O facto de Jesus ter dado o pão e o cálice aos Apóstolos, em vez de ter colocado o pão e o cálice sobre a mesa e de lhes ter dito que os tomassem directamente, significa que aquele pão e aquele vinho eram diferentes do pão e do vinho comuns, dos quais cada um podia servir-se à vontade, durante a refeição.
Também é assim que a Igreja procede. Na distribuição da Comunhão deve haver sempre um ministro que a dá àquele que comunga. Isso significa que aquele pão e aquele vinho, depois de consagrados, são o Corpo e o Sangue de Cristo, pelo que nenhum fiel pode dispor deles a seu bel-prazer, sem a intervenção e o ministério da Igreja.
Pão e vinho consagrados são dons de Deus. Por isso, não os comungamos directamente, mas pedimos a Jesus, através dos seus ministros, que nos admita a participar no seu pão e no seu cálice, apesar de nos sentirmos indignos de o fazer, como dizemos todos, antes de comungar: "Senhor, eu não sou digno que entreis na minha morada".
Diz o documento que regula esta forma de comungar: "É da Igreja que o fiel recebe a Eucaristia, que é Comunhão no Corpo de Cristo e na Igreja. Por isso não deve tirá-lo ele próprio da patena ou do cesto, como o faria se fosse pão comum ou mesmo pão bento, mas estenderá as mãos para o receber do ministro da comunhão" (EDREL 2984).
Se a Comunhão se faz por intinção, o ministro mergulhará o pão consagrado no cálice com o Sangue de Cristo, e dizendo: "O Corpo e o Sangue de Cristo" deporá a hóstia na língua do fiel, pois "no caso da comunhão ser distribuída por intinção, não deve colocar-se na mão do fiel a partícula embebida no Sangue do Senhor" (EDREL 2823).
Aqui tem, muito resumidamente, aquilo que a Igreja, na sua sabedoria milenar e também na sua prática de tantos séculos sempre ensinou e fez.
Acrescento, porém, uma coisa. Se lhe acontecer, nalguma reunião especial em que esteja presente um sacerdote, ver pessoas a proceder de outro modo, não se inquiete. Faça como elas... ou então, delicadamente, peça ao sacerdote que lhe dê a comunhão por suas próprias mãos...
Mas procure não perder a paz interior, que é muito importante. Forme a sua consciência e a sua sensibilidade, tendo em conta que, muitas vezes, não podemos fazer as coisas da maneira mais perfeita, como a Igreja, nossa Mãe, deseja que as façamos...
Havemos de ser nós, fundamentados numa sólida formação litúrgica e bíblica, a ajudar, com bons modos, aqueles que, ou por não saberem, ou por terem um feitio avesso a muitas regras, ou por qualquer outra razão..., ainda não entenderam que o importante não é só o que fazemos (comungar), mas também o modo como o fazemos (imitando o mais possível o modo de agir de Jesus).

Um colaborador do SNL.