Questões e respostas
As coisas do altar
O que se pode colocar sobre o altar?
As respostas a esta ou a outras perguntas relacionadas com a celebração da Missa encontram-se num documento chamado Instrução geral do Missal Romano (= IGMR). É conveniente procurar sempre a última edição de tal documento, que já teve várias.
O consulente pergunta o que se pode colocar sobre o altar. Respondo-lhe que a pergunta deveria ser antes formulada assim: a) o que se deve colocar sobre o altar, ou seja, o que é obrigatório estar sobre o altar na celebração da Missa? b) o que se pode colocar sobre o altar, ou seja, o que é facultativo colocar no altar durante a celebração da Missa. A própria formulação das respostas que vou dar-lhe indica com clareza o que é obrigatório e o que é facultativo.
O altar, seja ele de pedra, de madeira ou de outro qualquer material admitido na sua construção, é sempre «coberto pelo menos com uma toalha de cor branca» (IGMR 117). A toalha é, pois, a primeira coisa que se coloca sobre o altar. Diz-se que ele é sempre coberto pelo menos com uma toalha, porque já foi coberto com três, e pode continuar a sê-lo.
«A ornamentação com flores deve ser sempre sóbria e, em vez de as pôr sobre a mesa do altar, disponham-se junto dele» (IGMR 305). As flores são a primeira coisa facultativa. Podem colocar-se sobre o altar, mas é preferível dispô-las junto dele.
«Sobre o altar ou perto dele, dispõem-se, em qualquer celebração, pelo menos dois castiçais com velas acesas» (IGMR 117). Aqui temos a segunda coisa facultativa: os castiçais com velas podem ser postos sobre o altar ou perto dele. O número dos castiçais pode variar entre dois e sete (cf. IGMR 117). Como é evidente, ninguém iria pôr sete castiçais sobre o altar. Até dois, o altar é o seu lugar habitual, juntos num dos lados do altar, ou um de cada lado. Mas quando se ultrapassa esse número, é fora do altar, mas perto dele, que se devem colocar.
«Igualmente, sobre o altar ou perto dele, haja uma cruz, com a imagem de Cristo crucificado» (IGMR 117). Aqui temos a terceira coisa facultativa: a cruz. Neste caso parece até haver alguma contradição entre o que se diz neste número 117 da IGMR e aquilo que se diz mais adiante, no número 308: «Sobre o altar ou junto dele coloca-se também uma cruz, com a imagem de Cristo crucificado, que a assembleia possa ver bem». Não sei como se poderá colocar sobre o altar uma cruz que seja bem visível a toda a assembleia, e ao mesmo tempo não dificulte a visibilidade do que aí se realiza. Razões de sobra, assim o creio, para optar sempre por colocar a cruz fora do altar, ainda que perto dele.
«Também se pode colocar sobre o altar o Evangeliário, distinto do livro das outras leituras, a não ser que ele seja levado na procissão de entrada» (IGMR 117). É preciso entender o que aqui se afirma. Começa por dizer-se que o Evangeliário pode colocar-se sobre o altar, antes do início da Missa; neste caso é facultativo colocá-lo ou não o colocar. Diz-se a seguir: a não ser que ele seja levado na procissão de entrada. Neste caso é sobre o altar que o ministro do Evangeliário (diácono ou leitor), o depõe, ao chegar ao altar, e não noutro lugar qualquer, como é de cima do altar que o diácono, o presbítero ou o bispo o tomam no momento próprio e o levam, processionalmente, até ao ambão.
«Terminada a oração universal, todos se sentam, e começa o cântico do ofertório... O acólito ou outro ministro leigo coloca sobre o altar o corporal, o sanguinho, o cálice, a pala e o Missal» (IGMR 139). Aqui temos várias coisas que se colocam obrigatoriamente sobre o altar, mas só neste momento, e não antes: o corporal, o sanguinho, o cálice, a pala e o Missal.
Colocadas todas estas coisas sobre o altar, é o momento de apresentar o pão e o vinho. Assim se exprime o nosso documento: «O sacerdote, junto do altar, recebe a patena com o pão; e, sustentando-a, com ambas as mãos, um pouco elevada sobre o altar, diz em silêncio... Em seguida, depõe a patena com o pão sobre o corporal» (IGMR 141). Mais duas coisas obrigatórias: a patena e o pão.
«O sacerdote vai depois ao lado do altar, onde o ministro lhe apresenta as galhetas, e deita no cálice o vinho e um pouco de água, dizendo em silêncio... Volta ao meio do altar, toma o cálice com ambas as mãos e, sustentando-o um pouco elevado sobre o altar, diz em silêncio... Depõe, em seguida, o cálice sobre o corporal e, se parecer oportuno, cobre-o com a pala» (IGMR 142». Três coisas obrigatórias: o cálice, o vinho e a água. Uma coisa facultativa: a pala.
No caso de haver vários concelebrantes e muitos comungantes, em vez de uma só patena com o pão pode haver outra ou outras com hóstias grandes (que serão partidas ao meio na fracção do pão), e várias píxides com hóstias pequenas (em Fátima, nas grandes peregrinações, são largas dezenas), e em vez de um só cálice com vinho e água, pode haver vários cálices para a comunhão dos concelebrantes (nos Encontros Nacionais de Liturgia, em Fátima, são perto de uma dezena).
«Sobre a mesa do altar, apenas se podem colocar as coisas necessárias para a celebração da Missa...» (IGMR 306). Comentário: não se devem colocar sobre o altar muitas coisas que aí se vêem colocadas: papéis, revistas, mais papéis e papelinhos, óculos do presidente... e muito menos cestos ou pequenas bolsas com as ofertas dos fiéis). O altar deve merecer-nos o máximo respeito e a maior veneração. Não é ele o símbolo da mesa da última Ceia, onde Jesus celebrou a sua Eucaristia?
«Além disso, devem dispor-se discretamente os instrumentos porventura necessários para amplificar a voz do sacerdote» (IGMR 306). A Instrução refere-se, claro está, aos microfones. Diz duas coisas: disponham-se discretamente, mas só quando forem realmente necessários. Discretamente quer dizer, de modo a não chamarem a atenção para eles pelo seu volume e dimensões.
Aqui tem, caro diácono, as coisas que devem ou podem colocar-se sobre o altar, durante a celebração da Missa.
Fora da celebração, o altar deve estar apenas revestido da toalha. Quando muito, admite-se que, num dos lados, se coloque, discretamente, um pequeno arranjo de flores. Mais nada. Ele, o altar, é que deve atrair as atenções de quem entra na igreja e compreende o seu simbolismo. É sobre ele, enquanto mesa de uma refeição e altar dum sacrifício, que se tornam realmente presentes o Corpo e o Sangue de Cristo, tal como Jesus afirmou diante dos seus Apóstolos, na noite em que foi entregue: “Isto é o meu Corpo... Este é o cálice do meu Sangue, que vai ser derramado por vós e por muitos, para remissão dos pecados. Fazei isto em memória de Mim».
Um colaborador do SNL
(BPL 135-136)