Questões e respostas

As crianças na celebração da Missa

Na nossa Paróquia há celebrações litúrgicas durante as quais colocamos crianças da catequese a realizar alguns serviços, como por exemplo, recolher as ofertas dos fiéis, distribuir avisos, participar no canto coral e até fazer leituras. Há muitos anos disseram-me que só as crianças que já comunguem podem executar tarefas na liturgia. Há outros catequistas que põem isso em causa. Quem estará certo?

 

Vou responder a esta pergunta em várias alíneas, para ser conciso e o mais claro possível.
a) Não conheço qualquer determinação litúrgica que proíba as crianças da catequese que ainda não comungaram, e que estejam presentes na Missa dominical, de levar a cabo, individualmente ou em grupo, pequenos serviços compatíveis com a sua idade e capacidade, depois de convenientemente preparadas.
b) Pelo contrário, nas normas relativas às Missas para adultos em que participam também crianças, leio o seguinte no n. 18 do respectivo Directório: «Pode ser muito útil nestas missas confiar às crianças algumas funções como trazer as oferendas ou executar algum dos cânticos da missa». Não se faz aqui qualquer distinção entre crianças que já comungaram e crianças que ainda não comungaram.
c) Dos serviços que o consulente indica, penso que são perfeitamente compatíveis com essas crianças, a recolha de dons, a distribuição de avisos, a participação no canto da assembleia ou num pequeno grupo coral de crianças. É bom distribuir rotativamente, se possível cada domingo, pelas crianças presentes na Missa, esses e outros pequenos serviços litúrgicos.
d) O mesmo não direi das leituras, onde a importância do ministério exige que se observem certas condições: idade, preparação, capacidade de ler bem. É preferível que a iniciação das crianças, ao acto da leitura, seja feita em celebrações da Palavra que lhes sejam especialmente destinadas.
e) Naturalmente, tudo isso deve ser decidido em diálogo com o Pároco, e ser objecto de avaliação periódica.
f) O Directório a que acima me refiro distingue entre Missas só com crianças e Missas para adultos em que participam também crianças. Relativamente ao primeiro caso, diz assim esse documento, no n. 22: «O principio da participação activa e consciente tem de certo modo mais valor quando a missa é celebrada para crianças. Procure‑se por isso que tudo se faça para aumentar essa participação e torná‑la mais intensa. Portanto convém que o maior número possível de crianças exerçam funções especiais na celebração, tais como preparar o local e o altar (cfr. n. 29), exercer a função de cantor (cfr. n. 24), cantar no coro ou executar música instrumental (cfr. n. 32), proclamar as leituras (cfr. nn. 24b e 47), responder durante a homilia (cfr. n. 48), formular as intenções da oração dos fiéis, trazer as oferendas para o altar, assim como outras acções semelhantes segundo os costumes de cada povo (cfr. n. 34). Em tudo isto deve recordar‑se que as acções exteriores serão infrutuosas e se tornarão até prejudiciais se não contribuírem para a participação interior das crianças».
Recordo ao consulente e aos leitores do Boletim de Pastoral Litúrgica, que no caso de quererem saber mais sobre o tema, podem adquirir ou consultar o livro publicado pelo Secretariado Nacional de Liturgia com o título Enquirídio dos Documentos da Reforma Litúrgica, onde vem publicado o Directório das Missas com crianças (nn. 2760-2814).

Um colaborador do SNL