Questões e respostas
Ajoelhar ou genuflectir ao Credo e ao anúncio da morte do Senhor na leitura da Paixão
Está escrito no «Cerimonial dos Bispos», nn. 273 e 319 que, ao ler-se o Evangelho da Missa do Domingo de Ramos e da Celebração da Paixão do Senhor em Sexta-feira Santa, uma vez anunciada a morte do Senhor, todos se ajoelham. Uma vez que o «Directório Litúrgico» nada tem dito durante estes últimos anos sobre este ajoelhar, ao contrário do que afirma no dia da Anunciação do Senhor (cf. «Directório Litúrgico 2011», pág. 25), pergunto se esta norma está actual, se foi banida por algum documento da Congregação para o Culto Divino ou se simplesmente está desleixada.
Caro consulente
No seu correio fez-nos duas perguntas diferentes. Uma sobre o ajoelhar, no Domingo de Ramos e na Sexta-Feira Santa, no momento em que, durante a leitura da Paixão, se anuncia a morte do Senhor; outra sobre o genuflectir às palavras do Credo e encarnou... e Se fez homem, no dia da Anunciação e no Natal do Senhor.
Ajoelhar ou genuflectir ao Credo
Começo pela resposta à segunda pergunta, citando, textualmente, a IGMR 137, 3ª edição (2002): “Às palavras E encarnou, etc., todos se inclinam profundamente; porém, nas solenidades da Anunciação e do Natal do Senhor, genuflectem”.
Dando cumprimento a esta norma da Instrução Geral, o próprio Missal Romano, ao apresentar o texto do Credo, fá-lo desta maneira: Todos se inclinam às palavras: E encarnou... e Se fez homem (p. 448) e todos se inclinam às palavras: que foi concebido... nasceu da Virgem Maria (p. 449).
É o que se diz, todos os anos, no Directório Litúrgico, nomeadamente no de 2009, nos dias 25 de Março (Anunciação – p. 76) e 25 de Dezembro (Natal – p. 217). Relativamente às normas litúrgicas sobre o Credo há, portanto, coincidência entre Missal Romano, Instrução Geral e Directório Litúrgico.
Evangelho da Missa do Domingo de Ramos e da Celebração da Paixão do Senhor em Sexta-feira Santa
A primeira observação a fazer é que a Instrução Geral nada diz a tal respeito, e igual silêncio mantêm quer o Missal Romano quer o Leccionário, os dois livros que contêm os textos a ler e as rubricas a observar. No Domingo de Ramos o Missal Romano diz: “A leitura da Paixão do Senhor faz-se sem círios nem incenso, sem saudação nem signação do livro. É lida pelo diácono ou, na falta dele, pelo próprio sacerdote. Também pode ser lida por leitores...” (p. 225). Na Sexta-Feira da Paixão diz apenas: “Depois lê-se a história da Paixão do Senhor segundo São João (18,1 a 19,42), na forma indicada no domingo anterior” (p. 253). O Leccionário dos Anos A, B e C nada diz a respeito das leituras evangélicas desses dois dias.
Nada diz também a Carta sobre a preparação e a celebração das festas pascais, enviada pela CCD aos Presidentes das Conferências Episcopais em 16 de Janeiro de 1988, documento posterior ao Cerimonial dos Bispos. Na referida carta diz-se: “A história da Paixão reveste-se de particular solenidade. É aconselhável que seja cantada ou lida segundo o modo tradicional, isto é, por três pessoas que assumem a parte de Cristo, do cronista e do povo. A Paixão é proclamada pelos diáconos ou presbíteros, ou na falta deles, pelos leitores; neste caso, a parte de Cristo deve ser reservada ao sacerdote. Esta proclamação da Paixão faz-se sem círios nem incenso, sem saudação nem signação do livro; só os diáconos pedem a bênção ao sacerdote, como de costume antes do Evangelho” (EDREL, n. 3143).
Só o Cerimonial dos Bispos se refere ao gesto de ajoelhar e à breve pausa na leitura da Paixão: “Em seguida, o Bispo tira a mitra, levanta-se e recebe o báculo: e lê-se a história da Paixão. Omite-se a saudação ao povo e o sinal da cruz sobre o livro. Depois de anunciada a morte do Senhor, todos se ajoelham, e faz-se uma breve pausa. No fim, diz-se: Palavra da salvação, mas não se beija o livro” (nn. 273 e 319).
Vamos aguardar a terceira edição deste livro não litúrgico, para ver como serão redigidos os referidos números.
Mas devo acrescentar ainda o seguinte. Nos livros litúrgicos tudo é importante: o aspecto exterior (tamanho, cor, encadernação, etc.), e o interior (textos e respectiva disposição tipográfica).
Ao abrirmos os Leccionários dos Anos A, B e C reparamos que as leituras da Paixão do Domingo de Ramos e de Sexta-Feira Santa não foram impressas de maneira contínua, mas em blocos de textos separados por espaços em branco. Se analisarmos com algum pormenor, veremos particularmente que as palavras anunciadoras da morte do Senhor são seguidas de espaços maiores (Ano A, p. 148 e 171; Ano B, p. 174 e 191; Ano C, p. 174 e 191). É fácil de adivinhar a mensagem que uma tal apresentação sugere aos leitores.
Um colaborador do SNL
(BPL 141-142)